Os apoios públicos ao setor bancário desde que começou a crise financeira em 2008 atingiram 11.822 milhões de euros até 2014, o que representa 6,8% do Produto Interno Bruto português, segundo o cálculo do Tribunal de Contas. Considerando os apoios totais, sem quantificar o retorno obtido, as ajudas à banca totalizam 17.635 milhões de euros, o que corresponde a 10,2% do PIB.

Estes números resultam das intervenções no Banco Português de Negócios (BPN), Banco Privado Português (BPP), Banco Espírito Santo (BES)/Novo Banco, mas também das ajudas de Estado concedidas ao Banif, BCP e BPI, e dos aumentos de capital e financiamentos atribuídos ao banco público, a Caixa Geral de Depósitos.

Um estudo recente do Banco Central Europeu sobre o esforço financeiro dos estados da zona euro no apoio ao sistema financeiro no mesmo período concluiu que este representou 8% do PIB, dos quais já foram recuperados valore equivalentes a 3,3% do PIB.

De acordo com os cálculos do Tribunal de Contas, os apoios concedidos em Portugal são mais pesados em termos de percentagem do produto, porque só foram recuperados montantes equivalentes a 3,4% do PIB. Considerando apenas o esforço financeiro líquido, o apoio português representou 6,8% do PIB nacional, contra 4,7% do PIB da zona euro, o que corresponde a um esforço superior em quase 50%.

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O saldo é calculado pelo Tribunal de Contas, no parecer à Conta Geral do Estado de 2014, e faz as contas aos fluxos financeiros líquidos dirigidos ao setor bancário, descontando já os montantes reembolsados ao Estado e entidades públicas, e receitas. Nos sete bancos considerados, só dois financiamentos — BCP e BPI — tiveram até 2014 um retorno positivo para o Estado, considerando o reembolso dos apoios realizados através de CoCos (já totalmente devolvidos no caso do BPI) e os juros significativos pagos entretanto.

As contas incluem os apoios concedidos diretamente pelo Estado, mas também pelo Fundo de Resolução, uma entidade pública que assumiu a recapitalização do Banco Espírito Santo. O BES/Novo Banco é até agora a instituição que recebeu mais apoios públicos. O Tribunal de Contas contabiliza cerca de 4700 milhões de euros, deduzindo já receitas que terá tido com financiamentos passados ao BES.

A segunda conta mais pesada é a da Caixa Geral de Depósitos, que vale 3158,4 milhões de euros, embora neste caso o Estado seja também o único acionista que, no entanto, deixou de receber dividendos. Segue-se o BPN, com 2783 milhões de euros, uma fatura ainda provisória que inclui o impacto financeiro das sociedades que ficaram a gerir os ativos tóxicos retidos no Estado.

O Banif, considerando apenas a primeira ajuda de 2012, contribui com um saldo negativo de 735 milhões de euros. Esta conta irá aumentar significativamente a partir da resolução do banco decidida agora e que poderá custar mais 3000 milhões de euros.

O Banco Privado Português contribui com 653 milhões de euros negativos, o que resulta da garantia concedida diretamente pelo Estado a um empréstimo feito ao banco, pouco antes da instituição entrar em insolvência, mas também do reembolsos que tem sido realizado aos investidores do BPP, pelos fundos de garantia de depósito e investidores.

Se descontarmos as receitas e reembolsos, o esforço público bruto no apoio à banca atingiu os 17635 milhões de euros, 10,2% do PIB, nos últimos seis anos.