O Supremo Tribunal israelita confirmou esta terça-feira uma decisão de um Tribunal de Jerusalém, que condenara o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert a uma pena de prisão, mas reduziu o prazo de seis anos para 18 meses. Ehud Olmert poderá assim tornar-se no primeiro chefe de Governo de Israel a ir para a prisão.

A máxima instância judicial israelita reduziu a pena inicial, de seis anos para 18 meses de prisão, após a morte de uma testemunha crucial, que não pôde ser interrogada. Olmert acabou por ser condenado por um crime de suborno menor.

Chefe de governo de 2006 à 2009, Olmert chegou ao poder para suceder a Ariel Sharon, afastado na sequência de um acidente vascular-cerebral que o deixou em estado vegetativo até à morte em janeiro deste ano.

Caso “Holyland”

Em causa está o chamado caso “Holyland”, um escândalo imobiliário ocorrido em Jerusalém quando era presidente da câmara (1993-2003), que o obrigou a demitir-se do cargo de chefe do Executivo em 2008.

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Ou seja, Olmert foi condenado há ano e meio pelo seu papel num caso de corrupção que envolveu 13 pessoas relacionadas com um projeto imobiliário com o nome “Holyland”. O antigo governante foi assim julgado por ter recebido subornos a troco da promoção do luxuoso complexo.

Até esta última decisão, Olmert sempre se declarou inocente e declarou que o juíz do Tribunal de Tel Aviv “foi injusto ao basear toda a sua sentença num testemunho pouco fiável de Shmuel Dechner”, conta o El Mundo. Ora, este empresário denunciou, antes de morrer, em julgamento a entrega de oito cheques de mais de 100 mil euros ao irmão do antigo primeiro-ministro, Yossi Olmert, por troca da promoção de interesses na “Holyland”.

Os advogados do israelita basearam a sua defesa no facto de nunca terem sido encontrados quaisquer cheques ou dinheiro. O Supremo Tribunal foi sensível a estes argumentos e sentenciou Olmert por um outro suborno de mais de 14 mil euros.

Já em maio o antigo primeiro-ministro tinha sido condenado a 8 meses de prisão por um outro caso de corrupção. Neste, na qualidade de ministro da Economia e da Indústria (2003-2006), terá recebido 200 mil dólares (cerca de 182 mil euros) em envelopes entregues pelo empresário americano Moshé Talansky. Olmeert até foi absolvido, em 2012, mas a secretária, que trabalhava para o israelita há mais de 30 anos, fez um acordo secreto com o Estado e divulgou comprometedoras gravações, naquela que foi uma reviravolta judicial digna de filme.