Portugal assume-se como “uma ponte” na relação entre a Europa e África, funcionando como “mediador e facilitador” dessa relação, uma posição que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu na cimeira da União Africana.

O chefe da diplomacia portuguesa assistiu, entre terça-feira e hoje, à cimeira da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde representou o país para dar um “sinal político do ponto de vista da cooperação entre a União Europeia e a União Africana e do papel de ponte que Portugal sempre desempenhou e desempenha na relação entre Europa e África”, disse Santos Silva à Lusa.

À margem da cimeira, o ministro português reuniu-se com a presidente da Comissão da União Africana e com o presidente da comissão económica para África das Nações Unidas, tendo encontrado uma “enorme recetividade em relação à cooperação entre Europa e África e ao papel muito particular que Portugal desempenha como mediador e facilitador dessa relação”.

Augusto Santos Silva afirmou que esse papel passa por Portugal “assumir plenamente as responsabilidades que são as suas”, enquanto presidente do chamado “grupo 7 mais Amigos do Golfo da Guiné”, como membro do grupo internacional de contacto para a Guiné-Bissau e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), de que a Namíbia e o Senegal são observadores associados.

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Portugal quer “ser uma ponte entre a Europa e África e atuar como tal nas diferentes instâncias, primeiro no sistema das Nações Unidas e depois na União Europeia”, referiu.

O governante lembrou que Portugal, que atualmente é membro do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, tem dado “muita importância à questão dos direitos económicos e sociais, que é muito relevante para África, e à promoção dos direitos das mulheres” – o tema da cimeira que agora terminou foi “2016, Ano Africano dos Direitos Humanos com destaque para os Direitos da Mulher”.

Além disso, Portugal tem relações de cooperação com organizações africanas, que quer aprofundar: está concluído o memorando de entendimento para a cooperação entre Portugal e a UA e, segundo Santos Silva, “instrumentos semelhantes estão a ser trabalhados com a CEDEAO” (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).

O ministro lembrou ainda que foi durante as presidências portugueses da União Europeia que se organizou a primeira cimeira UE-África (2000) e se aprovou a estratégia Europa-África na segunda cimeira entre os dois blocos (2007).