Depois de Marisa Matias, também o líder e fundador do Bloco de Esquerda criticou o polémico cartaz do partido, que celebrava a aprovação da lei sobre a adoção gay com a frase “Jesus também tinha 2 pais”. Para Francisco Louçã, que comentava esta sexta-feira no seu espaço habitual na SIC Notícias, há dois problemas com o cartaz: o seu sentido de oportunidade e a sua eficácia.

Quanto ao sentido de oportunidade, Louçã acha-o discutível, porque “a lei já foi aprovada há algum tempo e conseguiu bastante acordo”. Em relação à “eficácia” do cartaz, Louçã foi ainda mais crítico: o debate da adoção por casais homossexuais “não deve atravessar-se sobre a religião”, defendeu:

O facto de se utilizar como argumento, mesmo que neste contexto, numa peça de humor, a religião ou uma referência religiosa é também problemático, sobretudo por uma questão de escolha. Este debate não deve atravessar-se sobre a religião.

Também de tom diferente foi a declaração de Francisco Louçã sobre a inclusão do Novo Banco na Caixa Geral de Depósitos (CGD). Esta quarta-feira, Mariana Mortágua não defendeu esta solução mas também não a rejeitou liminarmente (tal como o BE não o fez). Louçã, por sua vez, afirmou não ter “simpatia” pela ideia:

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Não tenho simpatia pela inclusão do Novo Banco na Caixa Geral de Depósitos. Achei razoável que um banco muito pequeno, o Banif, fosse incluído. O Novo Banco não me parece que tenha dimensão para isso, é grande demais.

O que não implica que o Estado não deva decidir “ficar com o banco, por uma questão de estratégia nacional”. Caso o decida, contudo, o Novo Banco (NB) “deve ter uma marca separada da Caixa Geral de Depósitos, para ter funções diferentes”.

Com quem Francisco Louçã concordou foi com Manuela Ferreira Leite. A ex-líder do PSD afirmou esta quinta-feira que era importante para o país ter “uma banca nacional forte” e que temia que o sistema financeiro nacional fosse controlado por bancos espanhóis. Louçã subscreveu, lembrando que a social-democrata até “foi administradora do Santander”, um dos principais candidatos a uma eventual compra do Novo Banco:

Achei muito razoáveis as posições de Manuela Ferreira Leite. Foi administradora do Santander. Portanto, a sua afirmação de: cuidado com a banca portuguesa, que não deve ser um dos tentáculos de uma banca internacional — e é a banca espanhola — merece atenção especial, porque prova independência em relação ao seu próprio passado profissional. [Isso significa que] pensa com as suas próprias ideias.

Texto editado por Pedro Esteves