Donald Trump publicou no Facebook, no ano passado, uma frase que tem vindo a repetir inúmeras vezes durante a campanha: “Financiando a minha campanha, não sou controlado pelos financiadores, pelos interesses e pelos lobbies. Só estou a trabalhar pelas pessoas dos Estados Unidos”.
Agora vai ter de cumprir a promessa. Mas, segundo dados da Comissão Federal Eleitoral, citados pela BBC Mundo, a campanha de Trump dispõe de um fundo bastante reduzido. Dados de 31 de maio mostravam que Donald Trump tinha 1,29 milhões de dólares, metade daquilo de que dispunha no início da campanha. Em comparação com Hillary Clinton, é ainda mais grave. A candidata democrata dispunha, no final de maio, de 42,46 milhões de dólares.
Trump e Hillary. Quem tem mais?
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Dinheiro disponível (a 31 de maio)
- Trump: 1.289.507 dólares
- Clinton: 42.461.785 dólares
Dinheiro investido na campanha (total)
- Trump: 63 milhões de dólares
- Clinton: 238 milhões de dólares
Dinheiro investido no mês de maio
- Trump: 6,7 milhões de dólares (angariou 3,1 milhões)
- Clinton: 14 milhões de dólares (angariou 19 milhões)
Dados da Comissão Federal Eleitoral
Desde o início da campanha, Trump já angariou cerca de 63 milhões de dólares. Coisa pouca quando comparados com os 238 milhões angariados por Clinton.
A aposta de Trump nas eleições primárias foram as polémicas constantes, como destaca a BBC. Isso tem-lhe permitido aparecer permanentemente nos meios de comunicação social sem ter de investir muito em publicidade. O milionário fez, por isso, uma campanha bastante económica e apenas com 70 pessoas – Clinton tem perto de 700.
Com os candidatos de ambos os partidos no caminho da Casa Branca, a campanha para as presidenciais de novembro ganha força e Trump precisa de angariar mais dinheiro. Este mês, a campanha de Trump enviou um e-mail aos apoiantes a pedir apoio para publicidade. Em maio, Trump gastou 6,7 milhões de dólares com a campanha, mas apenas conseguiu angariar 3,1 milhões. Teve de pedir um empréstimo para fazer face aos custos.
Já Hillary Clinton angariou 19,6 milhões de dólares, que chegaram para pagar os 14 milhões que gastou com a campanha durante o mês.
A fortuna de Trump, avaliada em 10 mil milhões de dólares, chegaria para pagar várias vezes toda a campanha. Então para quê pedir dinheiro aos apoiantes? Foi sobre isso que a BBC interrogou William Galston, analista sénior do Instituto Brookings, centro de análise de políticas públicas. “É fácil. As campanhas presidenciais nos EUA são muito caras. Podem custar até mil milhões de dólares. Trump não tem intenção de pagar esse dinheiro do seu próprio bolso“, afirmou William Galston à BBC.
Dos 63 milhões de dólares que Trump colocou na campanha, mais de 45 milhões foram contabilizados como empréstimos e não como doações. Isto significa que estão, nas contas da campanha, como passivo. De acordo com Viveca Novak, diretora editorial e de comunicações do Centro para Políticas Responsáveis, ONG que analisa o financiamento da política americana, Trump “poderia perdoar os empréstimos e convertê-los em doações, mas até agora deixou em aberto a possibilidade de recuperar o dinheiro que investiu na campanha”.
O analista William Galston considera que o principal problema que Trump tem é que “muitos republicanos o rejeitam”. “Gente que financiou, de forma generosa, campanhas anteriores não tem uma disposição favorável em relação a Trump”, avisou Galston. Os irmãos Charles e David Koch, que financiaram a campanha republicana de 2012 com milhões de dólares, são uns dos que ficaram de fora da campanha de Trump.
O milionário tem como objetivo angariar 1.500 milhões de dólares para financiar a corrida à presidência. Para lá chegar, sublinha a BBC, terá de angariar 10 milhões de dólares por dia durante os próximos seis meses.