A história dos Romanov começa em 1613, com Mikhail Romanov a ser coroado czar russo e termina em 1918 com a morte de Nicolau Romanov e toda a sua família, numa cave nos montes Urais. A história da família que governou a Rússia em quatro séculos diferentes surge agora revisitada pelo historiador Simon Sebag Montefiore no livro The Romanovs: 1613-1918.

Ao longo da sua história de mais de 300 anos no poder, a família Romanov deu 20 czares à Rússia, sendo que os últimos seis foram assassinados. Dois estrangulados, dois abatidos, um apunhalado e um devido a uma bomba. Durante as dinastias Romanov, o território da Rússia cresceu a um ritmo de 52.000 quilómetros quadrados por ano, embora tenha sido a custo de milhares de vidas humanas.

Para o autor desta obra histórica, a conspiração para assassinar o czar Paul I é a sua cena favorita do livro: “Esse assassinato mostra a loucura da ditadura e a tragédia da Rússia moderna: só se pode depor um líder com violência”.

O autor revela que a história dos Romanov está escrita a sangue, com pais que torturavam e matavam os filhos, filhos que envenenavam os progenitores, czarinas a assassinarem os maridos e toda uma série de práticas horripilantes que parecem saídas de um livro de ficção.

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Circa 1630, Mikhail Feodorovitch Romanov, (1596 - 1645), the founder of the Romanov dynasty who was elected as the first Tsar of Russia by other Russian boyars in 1613. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images)

Mikhail Romanov, o primeiro czar da dinastia. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images)

Conteúdo explícito

Durante a sua pesquisa para escrever o livro, Montefiore encontrou correspondência entre o czar Alexandre II e a sua amante, Katia. É “a correspondência mais explícita de sempre escrita por um chefe de Estado”, afirma o autor, que declarou ao El Español que os dois tinham uma “libido desinibida”. “Ele adorava que ela tomasse a iniciativa”, acrescenta o autor. O historiador explica que a atração era tal que os médicos tentaram limitar a quantidade de vezes que o casal satisfazia os seus desejos sexuais.

Montefiore explicou que certas cartas tiveram de ser censuradas para que o livro histórico não se tornasse num “livro erótico”, revelando que “havia atos sexuais que tinham sido inventados há 50 anos. Isto são as 50 sombras de Romanov“.

O trabalho de historiador

Sendo um historiador que também escreve sobre a Rússia moderna, Montefiore faz comparações com a atual forma como Putin governa a Rússia. “O Putin faz a mesma coisa que os Romanov”, ao “jogar com os grupos do poder e a governar em segredo”. “Todo o poder que é secreto é um poder absoluto que se baseia na violência.”

Montefiore explica que os ministros de Putin, tal como os conselheiros dos czares faziam, competem entre si para serem os prediletos.”As famílias reais têm muito em comum com a máfia: o poder corrói tudo, destrói os vínculos familiares naturais”, explica ainda o historiador.

“Temos de compreender a Rússia de então para compreender a Rússia atual”, continua o autor que explica que escreveu este livro “devido ao que se está a passar nos dias de hoje”.

Simon Sebag Montefiore Romanov