A entrevista foi realizada há 12 anos. À época, OJ Simpson preparava-se para publicar um livro, “If I Did It”, e a entrevista à FOX serviria para divulgá-lo. O livro acabou por nunca ser publicado, pois continha um capítulo em que, e pela primeira vez, Simpson descrevia o assassinado, em 1995, da ex-mulher Nicole Brown e de Ron Goldman como se ele, Simpson, o tivesse cometido – algo que sempre negou até então.

O julgamento do ex-jogador de futebol americano foi longo e polémico. Mas Simpson acabou por ser declarado inocente. Ainda assim, foi obrigado pelo tribunal a indemnizar em 28,3 milhões de euros a família das vítimas.

Mas voltando à entrevista da FOX. Tal como o livro de Simpson nunca deu à estampa, também a entrevista nunca foi emitida na televisão. Estranhamente, a FOX garante que tal não aconteceu porque a entrevista se “perdeu”. Aliás, a entrevista (em formado documentário, com depoimentos a acompanhá-la) foi para o ar este domingo com o sugestivo título “O.J. Simpson: The Lost Confession?” — interrogando-se a FOX sobre se aquela era de facto uma confissão de Simpson ou não, na certeza de que esta se perdeu no tempo.

Entrevistado pela jornalista Judith Regan, OJ Simpson recua até 12 de junho 1994, data do homicídio. Simpson terá sido avisado por um misterioso amigo, “Charlie”, de que algo se passava de estranho na casa da ex-mulher. Então, dirigiu-se até lá com “Charlie”, ambos de luvas, chapéu, e tendo Simpson uma faca consigo – faca essa que guardava sempre no automóvel para sua “proteção”.

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OJ Simpson foi até à casa de Nicole Brown Simpson preocupado com o filho de ambos, Justin Ryan. E explicava à FOX: “Eu fiz o que qualquer pai faria no meu lugar”.

Lá chegado, OJ Simpson encontrou Ron Goldman (que segundo Simpson terá ido até à casa para devolver uns óculos que a mãe de Nicole se havia esquecido no restaurante) e estes começaram a “discutir”. Ouvindo-os gritar, Nicole chegou depois ao local, pediu a Simpson que abandonasse a casa, “caiu” e “magoou-se”. Ron Goldman reagiu. “Ele começou a fazer uma coisas à karaté! Disse-lhe: ‘Achas que me consegues bater?!’” E continuou: “Então, peguei na faca… e a única coisa que me lembro a seguir é de ver um monte de sangue e ‘coisas’…”

Depois da declaração inédita e quase “confessional”, o ex-jogador riu-se. E garantiu: “Isto é tudo hipotético”. “Não importa o que eu escreva, hipotético ou não, eu sei que as pessoas só vão acreditar no que querem acreditar. Já desisti de tentar fazer com que acreditem em alguma coisa”, conclui.

Um ano depois da entrevista agora divulgada, o ex-jogador da NFL foi condenado a 33 anos de prisão, não pelo assassinato de Nicole e Ron, mas porque (acompanhado de outros cinco homens) invadiu um quarto de hotel em Las Vegas, tentando recuperar, armado, objetos pessoais seus (nomeadamente fotografias) a dois colecionadores de memorabilia da NFL. Em outubro de 2017, Simpson, de 70 anos, saiu da prisão no Nevada onde foi encarcerado, estando desde então em liberdade condicional.