Tem mais de um século, foi renovada em 2004 e é a maior prisão da Alemanha: assim é o estabelecimento prisional de Neumunster, onde Carles Puigdemont vai ficar em prisão preventiva à espera de julgamento depois de ter sido detido pelas autoridades alemãs na fronteira com a Dinamarca quando tentava regressar ao seu exílio na Bélgica.

Construída no início do século XX, Neumunster é destinada a reclusos em prisão preventiva ou condenados por delitos menores, como roubos ou danos corporais. E apesar de nenhum deles ter recebido penas superiores a cinco anos, o líder catalão da Generalitat pode partilhar a cela com traficantes de droga, burlões ou até criminosos sexuais.

E agora, o que pode fazer a justiça alemã a Puigdemont?

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Neumunster fica a 330 quilómetros de Berlim, a 100 quilómetros da fronteira com a Dinamarca e a 40 quilómetros da cidade onde Puigdemont foi detido no domingo passado. A prisão tem 571 celas, 505 das quais destinadas a reclusos em regime fechado, 44 para detidos em prisão preventiva e 20 que funcionam como clínicas psiquiátricas diurnas. De todas as pessoas presas em Neumunster, seis em cada dez foram acusadas de roubo, furto, extorsão ou danos corporais, mas uma percentagem desconhecida delas cometeu crimes de tráfico de droga, fraude ou delitos sexuais.

Entre os detidos, todos homens, 72% são alemães e os outros 28% são naturais de 35 nacionalidades diferentes — a maior parte dos quais vindos da Europa de Leste, contabiliza a prisão. Há muitos jovens entre os prisioneiros de Neumunster: como sete em cada dez não estudou e 90% não tem formação profissional, a prisão de Neumunster tem programas escolares e oferece formações.

Uma cela de 8m2, mas direito a Skype e aulas de carpintaria ou culinária

A cela onde Carlos Puigdemont ficará pelo menos até maio tem sete metros de largura e nove de comprimento: contas feitas, o líder da Generalitat terá de viver num espaço de 8 metros quadrados nos próximos dois meses. Fotografias da GTRES Online, uma agência de fotojornalismo espanhola, publicadas pelo El País mostram que dentro da cela cabe uma cama, uma secretária, um armário, uma sanita, um lavatório e uma televisão — embora não se saiba que canais estão sincronizados. Em princípio, nenhum dos reclusos tem acesso à Internet, mas Carles Puigdemont pode fazer videochamadas através do Skype quando acompanhado por um guarda e terá direito a fazer chamadas telefónicas, mas não a recebê-las.

À semelhança dos seus companheiros de prisão, Carlos Puigdemont poderá enviar e receber cartas sem qualquer limite de número, mas apenas terá direito a duas horas de visitas por mês, explica o site da prisão. Nenhum dos visitantes pode levar presentes e todos têm de passar por um detetor de metais e identificar-se com cartão de cidadão e passaporte. Puigdemont pode receber visitas às segundas-feiras entre as 10h e as 17h, às quartas e às sextas-feiras entre as 10h e as 15h; e ao fim de semana entre as 9h e as 11h. Tudo isto é controlado por uma equipa de 269 funcionários, 65 dos quais são mulheres, e por um tradutor que domina o espanhol e o alemão vindo de Hamburgo.

Alemanha foi o “pior” sítio para Puigdemont ser detido

Além disso, Puigdemont terá acesso a cuidados médicos, a um pastor protestante, a professores e a treinadores desportivos. Esses são direitos protegidos pela lei da detenção preventiva alemã, que diz que as pessoas nessas condições podem “melhorar os seus conhecimentos educativos e profissionais sempre que assim o permitam as condições especiais de prisão preventiva”. É por isso que o catalão poderá também ter acesso às formações profissionais previstas no programa de Neumunster, que incluem aulas nas áreas da construção, panificação, eletrónica, limpeza, cozinha e carpintaria.

A prisão de Neumunster é gerida por Yvonne Radtzki e é considerada património arquitetónico: tem traços típicos no início do século XX —  foi erguida entre 1901 e 1905 –, é feita de tijolo vermelho e os muros, com 685 metros de comprimentos e 5,5 metros de altura, foram revestidos por cal. Há edifícios nas redondezas onde decorrem algumas das atividades reservadas a presos em regime aberto. Ali perto está também o tribunal de primeira instância onde Puigdemont compareceu na última segunda-feira. Por enquanto, o líder catalão viu prolongada a a custódia judicial do ex-presidente da Generalitat na Alemanha: uma porta-voz da justiça alemã afirmou que “provavelmente” não existirá uma decisão sobre a extradição de Carles Puigdemont para Espanha “até à Páscoa”.

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