Na cerimónia que assinala os 100 anos da batalha de La Lys, no Cemitério Militar Português de Richebourg, o Presidente da República Portuguesa, assinalou que: “Viveu-se o nosso maior luto militar desde a batalha de Alcácer-Quibir no norte de África em 1578”.

No discurso em França, lembrava os sete mil combatentes mortos, feridos e feitos prisioneiros, em apenas oito horas. Alcácer-Quibir terá visto morrer todo (ou quase todo) o exército português — cerca de 20 mil combatentes nacionais e internacionais.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou “um de entre tanto heróis” desse dia “tragicamente inesquecível, de que este cemitério é testemunha silenciosa, mas impressionante”: Aníbal Augusto Milhais, mais conhecido por soldado Milhões.

“Foi o único soldado raso a receber, até hoje, a mais elevada condecoração portuguesa — a Ordem Militar da Torre e Espada do valor Lealdade e Mérito —, entregue em pleno campo de batalha por um corajoso chefe militar, futuro presidente da República Portuguesa, o marechal Manuel Gomes da Costa.”

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O Presidente da República fez parte do discurso em francês dirigindo-se ao presidente francês, Emmanuel Macron. Na cerimónia também estava presente o primeiro-ministro, António Costa.

“Portugal, pela minha voz, agradece a estes bravos o seu sacrifício supremo aqui em França, como em África, por terra, mar e água. Este sacrifício não foi em vão, dele também se fez a glória de Portugal, a vitória da França e o futuro da Europa.”

“Vive la France. Viva Portugal”, terminou Marcelo Rebelo de Sousa.

Emmanuel Macron destacou “a amizade entre Portugal e França”

“A amizade entre Portugal e França é uma amizade profunda e solidária, cimentada por milhares de portugueses e franceses de origem portuguesa, cimentada pelo sangue vertido pelos que aqui vieram defender a nossa liberdade”, afirmou o Presidente francês, depois do discurso do Presidente português. Emmanuel Macron lembrou ainda que “é a memória de todos os soldados portugueses” que esta segunda-feira se recorda.

No discurso, lembrou que no Cemitério Militar Português de Richebourg “estão perto de dois mil soldados portugueses” que lutaram numa “guerra absurda e tão dolorosamente fratricida” e caracterizou o cemitério como “um símbolo de amizade e solidariedade europeia e não de rancor nacionalista”.

O chefe de Estado francês manifestou o desejo de que “nunca mais os povos e nações da Europa tenham de se defrontar”, num “momento em que a Europa duvida de si” própria.

Emmanuel Macron recordou também que “a Europa viveu um pesadelo”, num “passado comum”, mas que “o futuro deve ser partilhado”, algo que é um dever para “a história, os mortos e a juventude”.

Esta segunda-feira, as comemorações do centenário da batalha de La Lys incluem também a inauguração da exposição “Racines”, sobre descendentes de soldados portugueses, em Richebourg, uma cerimónia militar junto ao Monumento aos Mortos, em La Couture, o descerrar de placas em Arras e Lille e visitas a exposições nessas cidades.

Marcelo louvou “a força” dos portugueses em Paris

No domingo, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estiveram em Paris para descerrar uma placa, na Avenue des Portugais, em “homenagem aos combatentes da Grande Guerra” e participaram numa cerimónia militar de homenagem ao Soldado Desconhecido no Arco do Triunfo, perante largas dezenas de portugueses.

Atualizado com as declarações de Emmanuel Macron