A Volkswagen viu-se envolvida numa situação no mínimo embaraçosa, uma vez que, em companhia das também germânicas Mercedes e BMW (e até a Bosch), patrocinou um organismo alemão, o Grupo Europeu para Investigação em Ambiente e Saúde no Sector dos Transportes (EUGT, em alemão), que deu provas de um sentido ético e moral duvidoso. Porquê? Porque o EUGT encomendou um estudo a um laboratório em Albuquerque, nos EUA (o  Lovelace Respiratory Research Institute), que colocou 10 macacos a inalar os fumos de escape de dois veículos com motores diesel (um moderno e outro antigo), com o intuito de provar que não fazia mal à saúde. Como se fosse possível qualquer motor de combustão (a gasolina ou diesel), mesmo aqueles pequeninos utilizados pelos pequenos carros e aviões radio-comandados, emitirem algo que faça bem à saúde!

Não contente com esta anormalidade, os estudos do EUGT não pararam por aqui e, mais grave do que isso, continuaram com seres humanos, com 19 homens e seis mulheres a serem expostos a gases de escape, para determinar os efeitos da inalação de dióxido de azoto em pessoas saudáveis.

O trabalho foi levado a cabo no hospital-universidade de Aachen, na Alemanha, e as reacções não se fizeram esperar assim que os jornais germânicos divulgaram a situação, com os grupos Volkswagen e Daimler a condenarem a forma de trabalhar do EUGT, a retirarem-lhe o apoio e a pedirem desculpas por terem patrocinado os estudos, alegando que desconheciam envolver pessoas e animais.

Berlim denuncia testes “monstruosos” em humanos e macacos. VW e Daimler investigam

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apesar das dúvidas que rapidamente muitos analistas colocaram em relação ao eventual desconhecimento dos fabricantes de automóveis, a realidade é que nunca se provou que os construtores teriam procedido de forma ilegal. O Grupo Volkswagen foi mesmo ao ponto de afastar o responsável pela Comunicação Institucional e Sustentabilidade, Thomas Steg, que admitiu ser o responsável pela ligação ao EUGT e que assumiu a responsabilidade pelas experiências.

Se até aqui tudo bem – isto se descontarmos o facto de o veículo diesel novo utilizado para a comparação ser um Beetle, com o software alterado para poluir menos e que, ainda assim, provou emitir mais NOx do que uma velha carrinha Ford, dado que os motores modernos, com misturas mais pobres para consumirem menos, geram mais óxidos de azoto – não se compreende que agora o Grupo Volkswagen se prepare para reintegrar Steg, segundo noticiou o jornal alemão Bild.

Confrontado com a possibilidade de Steg regressar à marca, pela Reuters, um porta-voz do grupo não desmentiu, limitando-se apenas a adiantar que ainda não tinha sido tomada uma decisão sobre o assunto.