A Ópera Nacional húngara cancelou 15 espetáculos do musical “Billy Elliot”, em Budapeste, depois de uma campanha homofóbica lançada pela imprensa estatal, ligada ao governo de Viktor Orbán, ter instado as famílias a não assistir ao espetáculo por “tornar as crianças homossexuais”. A venda de bilhetes caiu a pique na sequência da campanha, o que levou o diretor-geral da Ópera a ter de cancelar uma grande parte dos espetáculos previstos.

“A campanha negativa das últimas semanas em relação à produção ‘Billy Elliot’ fez cair de forma significativa a venda de bilhetes, e é por essa razão que estamos a cancelar 15 espetáculos por opção do nosso gestor”, disse o diretor-geral da Ópera húngara, Szilveszter Ókovács, ao jornal online húngaro 444.hu e citado pelo britânico The Guardian.

[um trailer do musical na Broadway:]

O musical “Billy Elliot” é inspirado no filme com o mesmo nome, do diretor britânico Stephen Daldry (2000), e conta a história de um adolescente de um bairro modesto que escolhe dedicar-se à dança clássica em vez de se dedicar ao boxe, acabando por se tornar num bailarino com sucesso. O musical foi escrito por Lee Hall, com música de Elton John. A versão húngara, segundo o The Guardian, conta com atores muito conhecidos naquele país.

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Desde o dia em que o espetáculo foi anunciado na programação da Ópera, o jornal Magyar Idok, ligado ao governo ultra-conservador de Viktor Orban, iniciou uma campanha negativa contra o espetáculo com argumentos homofóbicos. Num artigo de opinião publicado a 1 de junho, por exemplo, lia-se que a história de Billy Elliot “podia levar as crianças a ficarem homossexuais”, e sugeria que o musical promovia “um estilo de vida desviante”, que ia contra as necessidade demográficas do país.

“A propagação da homossexualidade não pode ser um objetivo nacional enquanto a população está a envelhecer e a diminuir”, lia-se ainda.

Apesar das 15 datas canceladas, o espetáculo tem outras 24 apresentações marcadas na capital húngara.