Os talibãs, grupo terrorista islamista que combatem no Afeganistão o exército do Governo de Kabul, aceitaram reunir-se com os seus inimigos numa conferência em Moscovo, marcada para 4 de setembro.

O anúncio foi feito pelo vice-diretor do departamento para a Ásia do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Zamir Kabulov, em declarações ao jornal russo Izvestia. “Sim, eles virão a 4 de setembro. A reunião já está a ser preparada”, disse.

Esta notícia surge depois de, na segunda-feira, os talibãs terem rejeitado o cessar-fogo proposto no domingo pelo Presidente afegão, Ashraf Ghani. A proposta que o Governo afegão fez aos talibãs consistia numa cessar-fogo para marcar o Eid al-Adha, festividade muçulmana que este ano decorre entre 21 e 25 de agosto — tudo isto depois de os terroristas terem aceitado o cessar-fogo para os dois dias do Eidul Fitr, que este ano calhou a 14 e 15 de junho. Foi a primeira vez que as duas partes fizeram um acordo deste tipo.

Talibãs rejeitaram cessar-fogo e sequestraram 170 pessoas

No entanto, a avaliação dos talibãs daquela experiência de junho não foi positiva, referindo que quem mais ganhou as tropas afegãs e da NATO no terreno. Por isso, ao mesmo tempo que rejeitavam o cessar-fogo, os talibãs intercetavam três autocarros que levavam a bordo pelo menos 170 pessoas, onde se incluem civis e também membros das forças de segurança afegãs.

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Horas depois, em que os sequestradores entraram numa troca de tiros com o exército afegão, as autoridades conseguiram libertar 149 pessoas. No entanto, os talibãs, que contaram pelo menos sete baixas mortais entre os seus militantes durante os tiroteios, conseguiram levar outros 21 reféns para um local até agora desconhecido.

Pedem cimeira a EUA, mas encontram-se à porta fechada há quase um ano

A 18 de agosto, um dia antes de o Governo do Afeganistão ter proposto um cessar-fogo aos talibãs, o líder daquele grupo terrorista gravou um vídeo onde desafiavam os EUA para uma cimeira bilateral.

Referindo que a cimeira teria de levar ao fim da “ocupação” estrangeira do Afeganistão e acrescentado que qualquer acordo de paz teria de “preservar os nossos objetivos islâmicos” e a “soberania da nossa pátria”, o mullah Haibatullah Akhundzada pedia aos EUA “negociações sinceras, transparentes e consequentes”.

Os EUA têm realizado reuniões informais, e que só ficaram conhecidas após serem noticiadas na imprensa norte-americana, entre membros do Departamento do de Estado de Washington D.C. e membros dos talibãs. A primeira reunião aconteceu em novembro de 2017 e a mais recente foi em julho deste anos — ambas aconteceram em Doha, capital do Qatar.

A guerra no Afeganistão começou em outubro de 2001, como resposta dos EUA aos atentados do 11 de setembro do mesmo ano. Desde então, esta guerra atravessou várias fases, contando com a mobilização de forças da NATO — inclusive portuguesas — para o terreno.

Ao fim de quase 16 anos e 10 meses, esta é a guerra mais longa no ativo dos EUA e a segunda mais longa da História daquele país, ficando apenas atrás da guerra no Vietname, que durou um total de 17 anos e 4 meses. Desta forma, se continuar até lá, em fevereiro de 2019 a guerra do Afeganistão passará a ser a guerra mais longa em que os EUA estiveram envolvidos.