A maioria dos portugueses recorda o dia 7 de março de 1980 como o dia em que a televisão a cores chegou a Portugal: era a noite do Festival da Canção e José Cid venceu com “Um Grande, Grande Amor”. Mas a verdade é que as transmissões televisivas já tinham tido cor uns anos antes, em alturas pontuais, como as eleições para a Assembleia Constituinte em 1975, as presidenciais em 1976 ou os Jogos Sem Fronteiras em 1979, estes por obrigação europeia. Março de 1980 foi, isso sim, a data em que as transmissões a cores regulares arrancaram em Portugal.

No Reino Unido, a cor chegou às televisões uns anos antes. As primeiras experiências aconteceram em 1967, com a transmissão do torneio de Wimbledon, e a cor estendeu-se a todo o país em 1976. Esta terça-feira, porém, o país vai recuar mais de 40 anos no tempo e ver os primeiros 25 segundos do Inglaterra-Suíça a preto e branco. O jogo, um particular, assinala assim os 25 anos da campanha Kick It Out, que luta contra o racismo no futebol.

O apoio da Sky Sports (canal que vai transmitir o jogo) à campanha agradou a Herman Ousely, presidente da Kick It Out, que disse ao The Guardian que a partida vai funcionar como “um lembrete do quão longe o futebol chegou nos últimos 25 anos para tornar o jogo um sítio mais aberto e diverso – que recebe toda a gente independentemente da idade, deficiências, género, raça, religião ou orientação sexual”.

A campanha arrancou em 1993, depois de um início de década com inúmeros casos de discriminação racial no futebol internacional. Na altura e nos primeiros anos da Kick It Out, a reação por parte dos principais clubes e nomes do desporto não foi a melhor: foi por isso que Piara Powar e Ben Tagg, os dois únicos funcionários oficiais da campanha em 1998, decidiram escrever uma carta a todos os 92 clubes profissionais de futebol em Inglaterra, onde se apresentavam e dispunham os principais objetivos da Kick It Out. “Foi a apatia total, os assuntos eram vistos como inconsequentes”, recordou mais tarde Piara Powar, que chegou a ser o coordenador nacional da campanha.

Depois de se afirmar e solidificar no final dos anos 90 e princípio do século XXI, a campanha voltou a atravessar um período difícil em 2012, quando John Terry e Luis Suárez foram suspensos devido a insultos racistas durante jogos. Vários jogadores negros recusaram participar no dia oficial da Kick It Out e queixaram-se de falta de progresso, principalmente no que toca à introdução de treinadores negros. Recentemente, a FA (a federação inglesa de futebol) anunciou um plano de três anos para diversificar o futebol em Inglaterra: o objetivo é ter 20% de treinadores e 11% de funcionários negros ou originários de minorias étnicas.

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