É mais do que habitual ver jogadores ou treinadores de futebol tomarem posições políticas ou, em alguns casos, chegarem até a candidatar-se a cargos públicos. Exemplo disso é George Weah, recentemente eleito presidente da Libéria, Kakha Kaladze, que foi ministro da Energia da Geórgia e depois presidente da Câmara de Tbilisi, a capital do país, ou até Pep Guardiola que, sem optar pela carreira política, tomou posições bastante vincadas e controversas quanto à questão da independência da Catalunha. Talvez tenha sido por isso que o Brasil viu com normalidade o corrupio de ex e atuais jogadores de futebol que declararam apoio a Jair Bolsonaro, candidato que venceu a primeira ronda das eleições presidenciais brasileiras e é favorito a ser eleito na segunda.

Um deles – e aquele que é provavelmente o nome mais sonante – foi Ronaldinho Gaúcho. O antigo jogador do Barcelona, considerado o melhor do mundo em 2005, partilhou no Facebook uma imagem onde surge de costas, com a camisola número 17 da seleção brasileira: ora, o número 17 é o número de candidato de Jair Bolsonaro. Na descrição, Ronaldinho escreveu: “Por um Brasil melhor, desejo paz, segurança e alguém que nos devolva a alegria. Eu escolhi viver no Brasil, e quero um Brasil melhor para todos!!!”. Embora esta não seja a primeira vez que o antigo internacional brasileiro é notícia por opiniões ou decisões controversas – há alguns meses soube-se que tinha casado com duas mulheres simultaneamente -, o apoio declarado ao candidato do Partido Social Liberal pode significar o esfriar das relações com o Barcelona, o clube onde conquistou duas ligas espanholas e uma Liga dos Campeões e onde se tornou uma verdadeira estrela do futebol internacional.

Por um Brasil melhor, desejo paz , segurança e alguém que nos devolva a alegria. Eu escolhi viver no Brasil, e quero um Brasil melhor para todos!!!

Posted by Ronaldinho Gaúcho on Saturday, October 6, 2018

Apesar de ainda ter passado por AC Milan, Flamengo, Atlético Mineiro, Querétaro e Fluminense antes de terminar a carreira, Ronaldinho Gaúcho mantém com o clube catalão uma estreita relação profissional e costuma representar o Barcelona em eventos com patrocinadores e ser o anfitrião de jogos entre antigas estrelas. Mas agora, e depois de Ronaldinho ter tornado público que apoia Bolsonaro, o clube espanhol está a estudar a hipótese de se afastar do antigo jogador e reduzir a sua ligação ao Barcelona – de acordo com o jornal desportivo Sport, o clube não quer posicionar-se publicamente sobre as opiniões do brasileiro mas vê como incompatíveis as ideias defendidas por Jair Bolsonaro e os valores veiculados pelo Barcelona.

A Sport acrescenta ainda que, apesar de muito mais discreto, o apoio de Rivaldo – também ex-jogador do Barcelona – a Jair Bolsonaro motivará também um afastamento entre as duas partes. Além de Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, são vários os antigos e atuais jogadores brasileiros que declararam nas últimas semanas que apoiam o candidato do Partido Social Liberal: Lucas Moura, avançado do Tottenham, Cafú, antigo jogador do AC Milan, Felipe Melo, que passou pela Juventus e pelo Inter Milão, e ainda Neymar, Gabriel Jesus e Alisson que, ainda que não tenham proferido qualquer declaração política, colocaram um “gosto” na publicação de Ronaldinho Gaúcho no Facebook. Fora do mundo do futebol, o antigo piloto de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi também se mostrou apoiante de Bolsonaro e chegou a visitar o candidato quando este se encontrava internado no hospital depois de ser esfaqueado durante uma ação de campanha.

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