Jo Johnson, ministro dos Transportes do Reino Unido apresentou a demissão, num apelo para que o público volte a decidir sobre o Brexit. Através de um comunicado, o político britânico disse considerar a saída da União Europeia (UE) “um erro terrível” que marca “o falhanço da política britânica numa escala nunca vista desde a crise de Suez”.

Johnson, irmão de Boris Johnson (que defendia um acordo do Brexit mais assertivo), disse ainda que o Reino Unido se está “a dirigir em direção a um Brexit incoerente” que os deixará “presos numa relação subordinada com a União Europeia“, acrescentando que é “imperativo voltar às pessoas e verificar se querem mesmo continuar”.

Apesar de ter votado a favor do início do Artigo 50 do Tratado de Lisboa — artigo que inicia as negociações entre a UE e os britânicos para a saída –, o ministro diz agora que os termos se tornaram “completamente inaceitáveis e insustentáveis” e que vão deixar o Reino Unido “fora da Europa, mas totalmente subordinado às regras europeias”.

O Brexit dividiu o país. Dividiu partidos políticos. E também dividiu famílias. Apesar de ter votado em “ficar”, sempre quis desesperadamente que o Governo, que tenho orgulho em ter servido, conseguisse tornar o Brexit num sucesso: para reunir o nosso país, o nosso partido e, sim, a minha família também. Algumas vezes, acreditei que isso fosse possível. Por isso é que votei em iniciar o Artigo 50 e durante dois anos apoiei a primeira-ministra no esforço em assegurar o melhor acordo para o país. Mas tornou-se cada vez mais claro para mim que o acordo de saída, que está a ser finalizado em Bruxelas e Whitehall à medida que escrevo, foi um erro terrível”, disse Jo Johnson.

Para Johnson, a escolha apresentada ao povo britânico “não é escolha”, tudo porque, numa primeira opção, o Governo está a propor “um acordo que deixará o país economicamente enfraquecido, sem poder de opinar sobre as regras da UE que deve seguir, e anos de incerteza para os negócios”. Já a segunda opção, diz Johnson, passa por um “não acordo” do Brexit. “Como ministro dos Transportes, sei que provocará danos incalculáveis na nossa nação”, explicou.

Apresentar à nação uma escolha entre dois resultados profundamente desagradáveis, vassalagem e caos, é uma falha da política britânica numa escala nunca antes vista desde a crise de Suez. Os meus eleitores em Orpington merecem mais do que isto do seu governo”, acrescentou.

Johnson defendeu ainda um novo referendo para questionar a população se quer prosseguir com o Brexit, agora que sabem “o acordo que está realmente disponível”, se querem sair sem qualquer acordo ou se querem manter o acordo que está em cima da mesa. E deixou ainda uma questão: “Para aqueles que dizem que isto é uma afronta à democracia tendo em conta o resultado de 2016, eu pergunto o seguinte: é mais democrático confiar num voto com três anos baseado naquilo que um Brexit idealizado poderia oferecer ou ter um voto baseado naquilo que sabemos que esta escolha realmente acarreta?”

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