A certa altura do sorteio dos 16 avos da Liga Europa, parecia inevitável tocar ao Sporting uma equipa espanhola. Afinal, existiam quatro hipóteses entre os cabeças de série e, a meio, ainda nenhuma tinha saído. Faltava saber apenas que tipo de reencontro iria existir. Com o Valencia de Piccini, vendido esta temporada ao conjunto de Marcelino Toral, que conta ainda com Gonçalo Guedes, Rúben Vezo e os ex-benfiquistas Rodrigo, Garay e Wass? Com o Sevilha do antigo central Daniel Carriço que tem também André Silva e a ex-águia Nolito? Com o Betis onde está agora William Carvalho, ao lado dos ex-encarnados Javi Garcia e Sidnei e do antigo portista Tello? Tudo ao lado: os leões vão mesmo defrontar o Villarreal, com quem têm ainda uma ligação no plano desportivo e económico – o central Rúben Semedo, agora emprestado ao Huesca.

Sporting. Rúben Semedo: nem “bon voyage” nem “good trip”, é “buen viaje”

Vendido no Verão de 2017 ao Submarino Amarelo por 14 milhões de euros, o Sporting manteve 20% dos direitos económicos de uma futura transferência, acreditando que a passagem pelo conjunto de Valência poderia ser o trampolim para outros voos; no entanto, acabou por acontecer exatamente o contrário e o internacional Sub-21 afundou-se em problemas e chegou mesmo a estar mais de cinco meses detido, saindo em julho com liberdade condicional. O Huesca apostou na capacidade de redenção do defesa e garantiu o seu empréstimo, com o jogador a ter um total de 12 jogos realizados na presente temporada. Ainda assim, o central foi o jogador que mais desvalorizou no ano de 2018, de acordo com o Transfermarkt.

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Rúben Semedo chegou ao Villarreal em 2017 mas caiu com estrondo fora de campo, tendo estado cinco meses detido (Fotopress/Getty Images)

Em sentido inverso, se Rúben Semedo se afundou na passagem pelo clube, Santi Cazorla ganhou uma nova vida aos 34 anos: de  regresso após cinco anos no Arsenal, o antigo internacional espanhol que foi bicampeão europeu de seleções em 2008 e 2012 superou um autêntico calvário de quase dois anos de ausência e 11 operações realizadas (e que fizeram temer outro tipo de complicações mais graves) e voltou aos relvados, sendo uma das principais figuras do conjunto agora orientado por Luís Garcia, que substituiu recentemente Javier Calleja no comando da equipa em virtude dos maus resultados.

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Ainda assim, o Villarreal de hoje não tem nada a ver com aquele que chegou às meias-finais da Liga dos Campeões em 2006 ou à mesma fase da Liga Europa em 2004, 2011 (quando foi eliminado pelo FC Porto) e 2016 – daí que, no plano teórico, o Sporting tenha ficado com o menos complicado entre os sempre complicados clubes da Liga espanhola. Se na Europa as coisas correram bem com duas vitórias e quatro empates num grupo equilibrado com Rapid Viena, Rangers e Spartak Moscovo, a equipa está no 17.º lugar do Campeonato apenas um ponto acima da zona de despromoção e somou apenas uma vitória em dez jogos desde outubro (mais quatro empates e cinco derrotas). O que falta, ninguém percebe ao certo.

Olhando apenas para os nomes – que estão longe de fazer o coletivo que se antevia –, o Submarino Amarelo tem um guarda-redes de valia (Sergio Asenjo, ex-Atl. Madrid); uma defesa reforçada com internacionais como o argentino Funes Mori ou o mexicano ex-FC Porto Miguel Layún, que se juntam Álvaro González ou Mario Gaspar; e um ataque onde foram investidos 45 milhões de euros nas contratações de Gerard Moreno (ex-Espanyol), Ekambi (ex-Angers) e Bacca (ex-AC Milan). No entanto, as coisas têm corrido mal, o que levou mesmo a mudanças técnicas e um mais do que provável ataque ao mercado de Inverno.

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No caso do Sporting, esta é também uma nova experiência em terras espanholas, depois dos confrontos anteriores com Real Madrid, Barcelona, Atl. Madrid, Sevilha, Athl. Bilbao e Real Sociedad, num total de 13 eliminatórias ou cruzamentos na fase de grupos da Liga dos Campeões e 26 encontros. O saldo, nos dois casos, é negativo, com apenas duas passagens na década de 80 frente a Sevilha (1983) e Athl. Bilbao (1985), ambas na Taça UEFA. No entanto, há outro dado ainda mais complicado nestas contas: em 13 jogos fora, o máximo que os leões conseguiram foram três empates além de dez derrotas, a última das quais em Madrid frente ao Atleti por 2-0 que funcionou para muitos como dínamo para toda a crise vivida pelo clube em 2018.