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John Bercow, a voz que tenta manter a "Ordem" no caos de Westminster

Este artigo tem mais de 5 anos

Chegou à presidência dos Comuns em 2009. Foi da ala mais radical dos conservadores, hoje tem o apoio dos trabalhistas. A palavra "ordem" ecoa no Parlamento e fez de John Bercow a personagem principal.

John Bercow, de 56 anos, chegou à presidência da Câmara dos Comuns em 2009
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John Bercow, de 56 anos, chegou à presidência da Câmara dos Comuns em 2009

Getty Images

John Bercow, de 56 anos, chegou à presidência da Câmara dos Comuns em 2009

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Nos últimos dias, quando o assunto do Brexit volta ao debate no Parlamento britânico, há uma figura improvável que tem captado as atenções. Palavra-chave: “Ordem!”. Chama-se John Bercow, é o Presidente da Câmara dos Comuns e a voz (o speaker) que se sobrepõe cada vez que é necessário acalmar os ânimos nos debates entre conservadores e trabalhistas. Mas é muito mais do que isso. Desde 2009, tem vindo a quebrar algumas tradições no Parlamento do Reino Unido, marcado também pelas polémicas em que esteve envolvido. E é tão conhecido que uma estação televisiva francesa nomeou-o recentemente como “o europeu da semana”.

As decisões de Bercow nos debates do Brexit e no acordo para a saída têm enfurecido a primeira-ministra Theresa May e o Governo. A tal ponto que ameaçaram dar a Bercow o pior dos castigos no seu cargo: o bloqueio da entrada na Câmara dos Lordes, uma honra que normalmente é concedida aos presidentes da Câmara dos Comuns. Se isso acontecer, seria o primeiro speaker em 230 anos a ter este castigo, indica o The New York Times.

Entre o verdadeiro frenesim que são os debates no Parlamento, o speaker tenta acalmar os deputados e chega a dar-lhes conselhos como “praticar ioga” ou tomar medicamentos contra o stress. Chegou mesmo a chamar “delinquente” a um legislador. “Você é uma pessoa muito entusiasmada. Tem de escrever mil vezes: ‘Vou portar-me bem durante as perguntas à primeira-ministra'”, disse também a um deputado.

Bercow, neto de imigrantes judeus e romenos e filho de um taxista no norte de Londres, chegou à presidência da Câmara dos Comuns em 2009, tornando-se o primeiro judeu a ocupar esse cargo. Mas, ainda antes, o seu passado foi marcado por uma carreira que passou pela ala mais radical do Partido Conservador: chegou a ser afiliado do grupo Monday Club (conhecido pelas suas polémicas raciais) e assinou um manifesto a pedir a “repatriação assistida” dos imigrantes da comunidade britânica, passando também pela Federação de Estudantes Conservadores. Sobre esta fase da sua vida, o speaker diz que quando era mais jovem era “um idiota”, conta o The Telegraph.

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Quem o conhece desde pequeno destaca a formalidade nas suas palavras, mesmo quando a situação não o obrigava. “Ele nunca poderia dizer ‘É ótimo ver-te’. Em vez disso, dizia: ‘É um prazer inestimável encontrá-lo para os melhores condimentos criados pelo Senhor Twinings'”, contou um antigo colega na biografia oficial do speaker. Uma antiga colega do ténis, Ashley Fuller, relembra também Bercow: “Ele falava como um político quando tinha 10 anos. Ia ter com o meu pai e dizia ‘Senhor Fuller, ouviu falar sobre o que está na página três do The Times? É um ultraje, tenho de lhe mostrar'”.

Ainda na juventude, a grande paixão de John Bercow era o ténis, chegando mesmo a ser campeão júnior da modalidade e a jogar contra David Cameron, ainda antes de este ser primeiro-ministro. Apesar de mais tarde ter de abandonar o desporto devido às crises de asma que tinha, esta foi uma atividade que nunca esqueceu. Foi por isso que chegou ainda a escrever um livro sobre os seus 20 tenistas preferidos, com Roger Federer, Rafael Nadal e Rod Laves a ocupar o pódio da lista.

As polémicas e a mudança no Parlamento

John Bercow, de 56 anos, foi deputado pela cidade de Buckingham durante vários anos, onde trabalhou com os conservadores da era de Tony Blair. Quando decidiu concorrer para a Câmara dos Comuns, venceu George Young com mais de 50 votos, apesar das picardias com os antigos colegas do Partido Conservador e com o apoio dos trabalhistas. Ainda hoje, há quem não concorde com a decisão que tomou de não usar a roupa tradicional do speakerque inclui corsários e uma peruca, por considerar ser “uma barreira entre o Parlamento e o público”.

A partir do momento em que ocupou o cargo, Bercow deixou de poder estar associado a qualquer partido e foi obrigado a manter-se neutro nos tópicos políticos. É, no entanto, várias vezes acusado de não cumprir com esta última regra, especialmente no que toca ao assunto do Brexit. Bercow assumiu em 2016 que votou para “ficar” na União Europeia, mas garantiu que, após a decisão, não defenderia qualquer um dos lados.

No entanto, os conservadores mantêm a opinião e relembraram até que o seu carro tem um autocolante que diz “Bollocks to Brexit” (“Que se lixe o Brexit”). “O autocolante em questão está no para-brisas do carro da minha esposa”, esclareceu o presidente da Câmara dos Comuns, acrescentando que a esposa, conhecida no mundo dos reality shows, “tem o direito de expressar o seu ponto de vista e é o fim do assunto”.

Bercow foi reeleito três vezes para a Câmara dos Representantes, o que o tornou no primeiro presidente a fazê-lo depois da Segunda Guerra Mundial. É também reitor da Universidade de Bedfordshire e de Essex.

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