Mais de 18.700 veículos da frota do Estado (73%) continuam a ser a gasóleo, refere o Relatório do Parque de Veículos do Estado, de dezembro de 2017. Dos 25.640 veículos sob a administração direta ou indireta do Estado são apenas 55 os que se movem a eletricidade e 17 os híbridos. Além disso, a idade média dos veículos tem vindo a aumentar desde 2010: 12 anos, nessa altura, contra 15,3 anos em 2017.

“Isto é revelador de que não tem sido dada muita atenção às questões ambientais. Já há híbridos há muitos anos e o Estado tem apenas 17, sendo que todos os anos há compra de carros e abatimentos. Por outro lado, a idade média de praticamente 16 anos por veículo significa que emite muito mais CO2 [dióxido de carbono] do que um carro atual que são muito mais eficientes”, disse o presidente da Quercus, João Branco, ao Público.

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O Observador confirmou com o Ministério das Finanças que os dados de 2017 são os mais recentes. A mesma fonte referiu que o relatório de 2018 está pronto e que poderá ser tornado público em breve. Já o Ministério do Ambiente considera que os dados não refletem o esforço do Ministério no apoio à substituição do parque automóvel do Estado por veículos menos poluentes.

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O Ministério do Ambiente apoia a compra de veículos elétricos nos ministérios e outros organismos afetos ao Estado, mas também nas empresas públicas que fazem mais viagens, comparticipando a diferença entre o preço de um veículo normal e um elétrico. Mas considerando que as compras do estado são centralizadas, o Ministério do Ambiente não consegue confirmar se os apoios que foram autorizados já foram convertidos em compras. Em 2017, por exemplo, as compras de veículos poluentes representaram 39% das novas aquisições, em vez dos 5% que seria suposto, refere o Público.

Os carros a diesel têm (mesmo) os dias contados?

Em fevereiro de 2018, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse que, com o Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas, Portugal devia reduzir em 24% as emissões do sector dos transportes até 2030. Nesse sentido, o programa ECO:MOB do Ministério pretendia apoiar a aquisição de 1.200 veículos na frota da Administração Pública. No primeiro semestre de 2018 foram entregues 170 veículos e espera-se que 200 veículos sejam entregues até ao final de 2019. O Orçamento de Estado 2019 prevê ainda que, ao abrigo deste programa, sejam financiados 600 veículos 100% elétricos para entidades da administração pública, incluindo para a administração local (como autarquias).

Na segunda-feira, o ministro do Ambiente afirmou que “na próxima década não vai fazer sentido comprar um carro a gasóleo porque já serão muito próximo os valores de aquisição de um carro elétrico e, se for carregado em casa, o preço do quilómetro fica a 15%”. Matos Fernandes acrescentou que: “Hoje é muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca.”

As declarações motivaram a preocupação de clientes e comerciantes, com a Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) a afirmar que “podem resultar de um desejo do Sr. Ministro, mas não têm qualquer correspondência com a realidade. Portugal está integrado na União Europeia e não existe qualquer regulamentação que aponte no sentido das declarações do Sr. Ministro”.

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