O Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF) chumbou o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Pedrógão Grande, em janeiro deste ano, porque considerou que nada do que aconteceu no incêndio que atingiu o concelho em 2017 e matou 66 pessoas foi tido em conta no relatório.

Segundo avança a TSF, que teve acesso ao documento com a decisão do ICNF, uma das 14 falhas que são apontadas ao plano é o facto de que  “não faz, ao nível da ocupação e uso do solo, uma análise real aos constrangimentos verificados e que permitiram a devastação do incêndio de junho de 2017, como por exemplo, a falta de implementação de prevenção estrutural e a total falta de gestão florestal nos povoamentos de produção e a consequente acumulação de carga combustível na floresta”.

O ICNF aponta ainda para o facto de o plano não ter em conta a área ardida em junho de 2017 e indica uma falta de referência às condições meteorológicas associadas aos grandes incêndios e critica o facto de os mapas de perigosidade e riscos terem sido feitos com dados referentes a 2007. Além disso, há também mapas com “desconformidades” em situações como os limites das freguesias, a identificação dos concelhos limítrofes e um mapa hidrográfico sem as albufeiras que existem atualmente.

O documento indica também que o ICNF considerou que a cartografia do concelho de Pedrógão Grande está desatualizada, uma vez que se baseia na Carta de Uso e Ocupação do Solo (COS) da Direção-Geral do Território de 2007. Do lado da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, que também teve acesso ao ofício do ICNF, a presidente Nária Piazza afirma que o plano elaborado pela autarquia “foi feito em cima do joelho” e critica os “erros e falhas” como resultado do “descaso por parte da autarquia em matéria de planeamento e defesa da floresta contra indêncio”.

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