Desde que assumiu o comando do Benfica, primeiro de forma interina e depois com contrato a longo prazo, Bruno Lage sofreu quatro derrotas. Todas fora, todas em provas a eliminar: na Taça da Liga com o FC Porto, na Taça de Portugal com o Sporting, na Liga Europa com Dínamo Zagreb e Eintracht. À exceção dos croatas, todas acabaram por eliminar os encarnados da competição. Sobra o Campeonato. Aí, o antigo técnico da equipa B dos encarnados não dá hipóteses: em 15 jogos, ganhou 14 e empatou só um, na receção ao Belenenses. E o calendário quando recebeu o comando aparentava tudo menos facilidades.

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Nos jogos em casa, onde conseguiu 22 em 24 pontos possíveis, o Benfica teve apenas uma partida a ganhar pela margem mínima (Tondela) e outra onde marcou dois golos (Belenenses); de resto, só goleadas, que variaram entre o 4-2 a Rio Ave e V. Setúbal e o 10-0 ao Nacional, e uma impressionante média de 4.5 golos por jogo desde 16.ª jornada. Ainda assim, é na condição de visitante que a carreira do conjunto encarnado faz toda a diferença – apesar de já ter passado por Guimarães, Alvalade, Dragão ou Moreira de Cónegos, o Benfica venceu sempre, com 21 pontos ganhos inclusive contra adversários diretos na tabela. Segue-se o Sp. Braga, naquela que começa a ser vista como uma espécie de “final antecipada”, e basta um golo para a equipa igualar o melhor registo de golos marcados num só Campeonato este século que vem de 2015/16, o primeiro ano de Rui Vitória na Luz.

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Números para apresentar não faltam mas a conferência de Bruno Lage acabou por ser marcada por uma comparação entre a vida pessoal e desportiva, já depois de ter referido perante a polémica criada em torno dos amarelos a jogadores do Marítimo que falharam o jogo da Luz que às vezes “é melhor chegar a casa e ver o canal Panda” com o filho pequeno.

“Depois desse jogo na Alemanha aquilo que falámos foi durante cinco minutos. No futebol, como na vida, tudo se recupera. Não podemos voltar a jogar contra o Sporting a segunda eliminatória da Taça, nem podemos voltar a jogar com o Eintracht, mas ainda temos cinco finais pela frente. É isso que mais conta na vida desportiva, o que vem a seguir. Foi essa a mensagem que passei. Passamos tanto tempo fora da família mas em família, esse tempo não se compra. Nós temos que aproveitar ao máximo o tempo, na vida desportiva como na vida familiar. O meu filho fez quatro anos e este é o segundo aniversário que perco, isso é que não recupero mais. O nosso sentimento é esse: o tempo não volta atrás, não compramos tempo e o que temos de fazer é aproveitar ao máximo o tempo que está a acontecer. Precisamos ter entradas fortes para um dia, quando tivermos de explicar à nossa família, sobretudo aos mais novos, por que não passámos tanto tempo com eles, dizermos que estávamos a fazer outra coisa em família que valeu a pena. Foi esta a nossa conversa, e os jogadores aproveitaram” comentou, projetando as últimas quatro finais.

Antes, na flash interview da BTV, Bruno Lage tinha destacado a reação da equipa após o afastamento da Liga Europa e também o comportamento dos jogadores com menos minutos na equipa, casos de Cervi, Salvio ou Taarabt.

“Foi um bom jogo da nossa parte. Uma exibição sólida, desde o primeiro minuto, com um resultado muito bom. Mas mais que isso, a equipa voltou a fazer um grande jogo perante os nossos adeptos. Vencemos, que era determinante, voltámos à nossa posição e agora faltam quatro finais. Estava à espera desta exibição, espero sempre que a equipa realize estas exibições e, fundamentalmente, que crie as oportunidades de golo que tem criado ao longo destes três meses e meio. Isso para mim é que é importante. Isso e eles nunca deixarem de correr. Temos tido momentos menos bons mas também a aprendizagem disso, perceber que, quando damos passos em frente à procura daquilo que queremos, somos esta equipa”, referiu.

“Não abandono ninguém, eles continuam a trabalhar e eu escolho os onze que acho certos para cada desafio. Digo, desde a primeira hora, que todos contam e hoje é a prova disso. O Cervi, salvo erro há dois ou três meses que não jogava a titular, hoje jogou e fez dois golos. O Salvio, felizmente para nós, voltou de lesão. Teve tempo e fez um golo. O Adel [Taarabt], mais 15 minutos com enorme qualidade. O Gedson ficou no banco e não jogou. É a nossa gestão, de um plantel de homens disponíveis e desejosos de entrar. A nossa vida é escolher 11 e os melhores para cada momento”, acrescentou.