Uma empresa sul-africana chamada Legelela Safaris, que fornecerá aos seus clientes “pacotes de caça” no país, terá partilhado na sua conta oficial de Facebook uma fotografia de um casal a beijar-se atrás de um leão morto. Na legenda da fotografia estaria a descrição: “Trabalho duro por baixo do sol ardente [do deserto] de Kalahari… bem feito. Um leão monstruoso”. A informação é avançada pelo jornal espanhol La Vanguardia e a fotografia tem sido partilhada por muitos utilizadores indignados nas redes sociais.

O Observador tentou aceder à publicação da empresa sul-africana, mas a conta oficial da Legelela Safaris no Facebook encontra-se já desativada. Também o site da empresa encontra-se neste momento indisponível. Abaixo, pode ver um dos vídeos promocionais da empresa, submetido no Youtube.

Segundo o La Vanguardia, o casal presente na fotografia é canadiano. Darren e Carolyn Carter terão “um negócio de taxidermia”, isto é, trabalharão com a preservação da pele e partes de animais para efeitos de exposição ao público. O jornal espanhol acrescenta que foram partilhadas outras fotografias do duo na mesma conta, que indiciam que terá sido caçada também uma leoa. “Não há há nada como caçar o rei da selva nas arenas de Kalahari”, ler-se-ia na legenda de outra imagem.

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O leão morto terá sido criado em cativeiro para poder depois ser caçado por turistas. A informação é afiançada por uma porta-voz da plataforma Voice 4 Lions, que tem como objetivo “despertar consciências para os problemas enfrentados por leões de todo o mundo, com particular ênfase para os leões na África do Sul que têm de lidar com indústrias e negócios de caça e manutenção de animais selvagens em cativeiro”, entre outras atividades: Linda Park, a porta-voz dessa plataforma, garante que o leão em causa estava “seguramente em cativeiro”.

Na sequência da polémica, o tablóide britânico Daily Mirror lançou “uma campanha exigindo o fim da prática bárbara de caça de animais como troféus”. A campanha já está a ser apoiada por “políticos, celebridades e ativistas”, afirma o jornal, que diz ainda exigir o fim do “confinamento de animais selvagens em pequenas reservas para que possam ser mortos a tiro por um preço”. Entre os primeiros apoiantes públicos está a apresentadora de televisão e jornalista escocesa Lorraine Kelly.

Há quatro anos, no verão de 2015, o abatimento de um leão chamado Cecil — uma das grandes atrações de uma reserva do Zimbabué — causou indignação generalizada, também por ter sido fotografado morto atrás de um caçador que se exibia sorridente. Cecil foi morto com espingarda (depois de ter sido ferido com uma flecha) por um dentista e caçador recreativo dos Estados Unidos da América, Walter Parmer, que por ter licença para autorização de caça não foi acusado de nenhum crime.

O dentista que matou Cecil, o leão, falou

Nota – O artigo foi corrigido às 16h05, retirando-se a referência a “caça furtiva”, que não se justificava. Pelo lapso, as nossas desculpas