A identidade do espião americano infiltrado no governo russo e retirado em 2017 terá sido revelada por um jornal russo. De acordo com o Moscow Times e a Reuters, o nome avançado pelo Kommersant é Oleg Smolenkov, que terá trabalhado no governo de Putin como assistente de Yury Ushakov, quando este era embaixador russo nos Estados Unidos.

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O jornal russo adianta que o indivíduo terá sido dado como desaparecido, juntamente com a mulher e os três filhos, em junho de 2017, quando estavam de férias em Montenegro. Na altura, refere o Washington Post, que também cita o Kommersant, as autoridades russas iniciaram uma investigação por suspeita de homicídio até descobrirem que Smolenkov e a família estavam a viver “num país estrangeiro”. O jornal chegou mesmo a publicar uma fotografia de uma casa perto da cidade de Washington (EUA), que terá sido comprada por Smolenkov no ano passado.

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Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, apelidou de “ficção” as alegações sobre o resgate do espião americano, divulgadas pela CNN esta segunda-feira. Confirmou, contudo, que Smolenkov trabalhou para o governo russo, mas nunca numa posição de topo, até ser despedido “há vários anos”. Já Sergey Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, negou conhecer alguém com o nome de Smolenkov.

Apesar dos receios relativamente à sua segurança terem começado logo em 2016, o “espião de topo” só foi resgatado em maio do ano seguinte porque recusou a primeira oferta da CIA, alegando questões familiares. Esta recusa inicial levou a que pessoas dentro da agência americana admitissem a possibilidade de o espião ter-se tornado um agente duplo. Dúvidas que acabaram por esmorecer quando ele concordou ser retirado em 2017.

O New York Times adianta que o espião foi “recrutado” há “décadas” pela CIA e que “rapidamente” chegou a uma posição importante no governo russo, ao ponto de conseguir enviar aos americanos imagens de documentos que estavam na secretária de Putin, lê-se na CNN. Aliás, foi esta fonte que permitiu à CIA concluir que o próprio Putin estava por detrás da interferência russa nas eleições norte-americanas.