O consórcio que lidera o maior projeto de extração de gás natural de Moçambique vai adjudicar esta terça-feira os contratos que permitem o arranque das obras, anunciou o governo moçambicano.

O consórcio Rovuma LNG, liderado pelas petrolíferas Eni e Exxon Mobil, deverá entregar esta terça-feira os trabalhos de engenharia, aquisições e construção para extrair gás do fundo do mar, na zona Mamba da Área 4 ao largo da costa norte do país.

A decisão final de investimento (DFI, na gíria do setor) está prevista para 2020 e o arranque da produção para 2025, pelo que a cerimónia desta terça-feira toma o nome de “decisão inicial de investimento”, anunciam os promotores.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem participação agendada na cerimónia, que decorre a meio da campanha eleitoral e a uma semana das eleições gerais, em que se recandidata ao cargo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os avanços a anunciar hoje dizem respeito ao terceiro plano de exploração de gás, maioritariamente para exportação, aprovado para a bacia do Rovuma e que deverá catapultar o Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano para novos máximos a partir da próxima década.

Este é o terceiro plano de exploração, mas o primeiro também está nas mãos do mesmo consórcio, Mozambique Rovuma Venture (MRV, que integra a portuguesa Galp) e a DFI foi anunciada em 2017.

Trata-se da extração da zona Coral Sul da Área 4, a primeira a entrar em produção na bacia do Rovuma, com o gás natural a ser extraído a partir de 2022 através de uma plataforma flutuante em construção na Coreia do Sul.

A diferença entre Coral Sul e Mamba está nas quantidades: enquanto que a plataforma vai fornecer 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás liquefeito, da zona Mamba vão sair em simultâneo cerca de 4,5 vezes mais, ou seja, 15 mtpa, previsivelmente a partir de 2024/25. É um número superior aos 12,88 mtpa do segundo plano de desenvolvimento do Rovuma, relativo à Área 1 e que está nas mãos de um consórcio liderado pela francesa Total.

A Área 4 é operada pela MRV, uma ‘joint venture’ co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC, que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão para pesquisa e produção naquela área.

A Galp, KOGAS e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique detêm, cada uma, 10% de interesse participativo.

A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de produção de gás natural liquefeito e infraestruturas relacionadas em nome da MRV, e a Eni vai liderar a construção e operação das infraestruturas ‘upstream’, ou seja, de extração do gás dos depósitos subterrâneos (jazidas), debaixo do fundo do mar, até à superfície, para depois ser conduzido até à fábrica.