Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que as crianças que têm, em redor das suas escolas e casas, espaços verdes, apresentam um “menor risco de desenvolver doenças no futuro”, revelou a responsável.

Em entrevista à agência Lusa, Ana Isabel Ribeiro, investigadora do ISPUP, afirmou esta terça-feira que o estudo, publicado na revista “Environmental International”, visava “perceber se a exposição a espaços verdes tinha algum reflexo na saúde das crianças”.

Para “explorar o impacto desta exposição”, ainda pouco estudada internacionalmente, os investigadores analisaram os marcadores biológicos de 3.100 crianças, com 7 anos, da Área Metropolitana do Porto pertencentes à Geração XXI (um estudo longitudinal do ISPUP que acompanha, desde 2005, 8.600 crianças).

Estas crianças estão todas georreferenciadas, ou seja, nós sabemos em que par de coordenadas é que elas vivem e em que escolas estudam. Com base nesta informação, cruzámos os dados de saúde da criança com a informação ambiental”, explicou.

No estudo foram incluídos 226 espaços verdes públicos e de livre acesso da Área Metropolitana do Porto que, posteriormente, foram correlacionados com dados de saúde de cada criança, tais como, a pressão arterial, relação cintura/anca, hemoglobina glicada, colesterol e proteína C-reativa. “Conseguimos medir a acessibilidade geográfica e, regra geral, vimos que as crianças que tinham espaços verdes no entorno da escola e de casa apresentavam níveis de biomarcadores mais favoráveis”, referiu.

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No entanto, os investigadores afirmam que as “diferenças são relevantes” quando comparadas as exposições em redor das escolas.

As crianças que dispunham de espaços verdes a 400 e 800 metros no entorno da escola, isto é, respetivamente, 20% e 40% das crianças tinham níveis de biomarcadores melhores, sobretudo, no que diz respeito aos marcadores relacionados com a saúde cardiovascular”, frisou.

Tendo em conta as evidências observadas com este estudo, Ana Isabel Ribeiro alertou para a necessidade de “não desprezar” estas áreas, sugerindo um “maior investimento na provisão destes espaços perto das escolas”, local onde as crianças passam a maioria do seu tempo. “É fundamental que os governantes e planeadores locais assegurem que a população dispõe de áreas verdes a uma distância razoável do seus locais de residência e dos parques escolares”, concluiu.

O estudo, desenvolvido por investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, integra o Exalar XXI, um projeto que estuda a relação entre o ambiente urbano e a saúde infantil.