O filósofo e escritor francês Alain Finkielkraut protagonizou, quarta-feira, um momento polémico na televisão francesa ao criticar a generalização do termo “violação” e ao apelar aos homens que “violem as mulheres”.

De acordo com o diário francês Le Monde, Finkielkraut falava num debate televisivo no canal LCI dedicado ao tema “Todas as opiniões são boas?”, durante o qual o filósofo, a ativista feminista Caroline De Haas, os advogados Georges Kiejman e Francis Szpiner, o apresentador Frédéric Taddeï e a deputada Mathilde Panot discutiram a liberdade de expressão na era do “politicamente correto”.

Foi nesse contexto que Finkielkraut criticou a chamada “cultura da violação”. Para o filósofo, “antigamente falava-se de violação para denunciar a penetração forçada”, mas hoje a tal “cultura da violação” inclui “piadas obscenas, engates, toques e até o galanteio”.

“Muitos investigadores falam sobre o galanteio como uma forma de cultura da violação”, sublinhou Finkielkraut, para depois assinalar que, por esse conceito, “haveria em França muitos violadores em potência”.

A ativista Caroline De Haas interveio para acusar o filósofo de “insultar as mulheres que foram violadas” e lembrou que todos os dias uma média de 250 mil mulheres são violadas em França, com cerca de 94 mil casos de violação por ano no país.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De Haas lembrou ainda o caso do realizador franco-polaco Roman Polanski, condenado dos EUA pela violação de uma rapariga de 13 anos e acusado de assédio por diferentes mulheres — que não pode entrar em território norte-americano sem ser preso.

“Ao dizer que uma menina de 13 anos violada por um realizador, neste caso Roman Polanski, não foi verdadeiramente violada, está a enviar a mensagem a todas as meninas de que isso não interessa”, acusou De Haas.

Aí, Finkielkraut interrompeu a ativista para proferir a frase que marcaria o debate: “Violem, violem, violem. Digo aos homens: violem as mulheres. Além disso, eu violo a minha todas as noites!”

O filósofo respondeu diretamente a De Haas para defender Roman Polanski, considerando que a rapariga que o realizador violou “tinha 13 anos e 9 meses e não era impúbere”, tendo inclusivamente “uma relação com Polanski”.

“Ele foi acusado de violação, atualmente ela reconciliou-se com ele”, acrescentou Finkielkraut, acusando De Haas e os ativistas de quererem “acabar com os tribunais em nome da luta contra a violação”.