Um aumento de 1.269 casos positivos de segunda-feira a domingo, uma subida entre 305% a 310% em relação aos casos suspeitos e não confirmados, o dobro dos países com casos importados, alterações a nível de faixa etária e de género entre os grupos mais afetados. Estas são algumas das conclusões da análise ao Relatório diário da situação epidemiológica em Portugal da Direção Geral da Saúde entre 16 e 22 de março. Conclusões que, em sete pontos, deixaram tendências que podem ou não ser agora confirmadas nesta nova semana.

Um aumento total de casos de 383%, mais de 30% por dia

Mais 86 casos. Mais 117 casos. Mais 194 casos. Mais 143 casos. Mais 235 casos. Mais 260. Mais 320. Esta foi a cadência de segunda-feira, dia 16, a domingo, dia 22, a nível de aumento bruto do número de pessoas infetadas com Covid-19, em percentagem média acima dos 30%, que teve nos primeiros dias da semana valores mais altos (entre 35% e 43%) e no fim de semana um ligeiro decréscimo para 25%. No total, Portugal teve um aumento de 1.269 casos nos últimos sete dias, um aumento de 383% (de 331 para 1.600). Esta foi também a semana que trouxe as primeiras mortes, com Mário Veríssimo a ser a vítima inicial por coronavírus na segunda-feira até às atuais 14.

Total de casos confirmados no domingo, dia 22: 1.600

O dobro do número de países com casos importados

Se na segunda-feira da última semana, dia 16, existiam apenas sete países entre os casos importados, no domingo, dia 22, chegaram aos 15 – ou seja, mais do dobro. Espanha, Itália e França continuam a ser os três países com uma maior predominância, tendo um aumento mais acentuado na quinta e na sexta-feira (dias 19 e 20), mas foi o advento de novas importações que marcou esta semana: Reino Unido e Países Baixos, que entraram na lista apenas na terça-feira, dia 17, foram as maiores subidas no fim de semana, tendo já sete e cinco casos respetivamente, a par do Brasil, com quatro novos casos no boletim de sábado. Se no dia 16 todos os casos importados estavam na Europa, a semana seguinte arranca já com a presença da América do Sul e da Ásia.

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Casos importados no domingo, dia 22: Espanha (33), França (24), Itália (20), Suíça (9), Reino Unido (7), Países Baixos (5), Brasil (4), Andorra (2), Índia (2), EAU (2), Alemanha/Áustria (1), Bélgica (1), Irão (1), Alemanha (1), Áustria (1) e Dinamarca (1)

A queda a pique da percentagem de casos internados

Recuando à segunda-feira da semana passada, dia 9, a contabilidade era fácil de fazer perante um número de casos bem mais baixo nessa fase inicial: 39 pessoas infetadas, 38 pessoas internadas. A meio da semana, dia 12, havia já uma diferença de nove pessoas entre infetados e internados; no domingo, dia 15, subiu para 106.  A semana que chegou ontem ao fim trouxe a confirmação dessa tendência e de forma bem mais visível: se na segunda-feira, dia 16, 139 dos 331 estavam internados, num total de 42%, e se no dia seguinte (17) ainda subiu para os 45,7% (205 em 448), a semana confirmou a queda constante em termos percentuais e terminou com 10,5% de internados (169 em 1.600). Em termos absolutos, houve uma ligeira subida nos últimos três dias (80, de 89 para 169) mas nada a comparar com o crescente número de infetados, que passou também nesse período de 785 para 1.600.

Casos internados no domingo, dia 22: 169 (41 nos cuidados intensivos) entre 1.600 infetados

Uma alteração de género: já há mais mulheres infetadas

No período homólogo, a caracterização dos casos apresentada no boletim diário da DGS apontava para uma maior predominância de casos em homens do que em mulheres, sendo que no dia 9, segunda-feira, registou-se então a menor diferença até aí (21-18). A tendência acentuou-se, com o dia 14 a confirmar aquele que seria o maior fosso com a percentagem de 59,2% no sexo masculino. A semana que chegou agora ao fim começou com 55,2% de casos entre homens no dia 16, mas foi invertendo até haver pela primeira vez mais 18 casos de mulheres infetadas no último sábado, dia 21 (649-631), algo que ficou confirmado neste domingo: 51,3% já são mulheres (821-779).

Caracterização dos casos por género no domingo, dia 22: 821 mulheres (51,3%) e 779 homens (48,7%)

Número de casos acima dos 50 anos aumentou mais de 6,5%

O aumento do número de casos tem trazido também algumas alterações a nível de grupo etário. Por exemplo, no dia 9, não havia registo de infetados nos grupos 0-9 anos e +80 anos, havendo o maior peso no intervalo 40-49 (35,9%); no dia 16, a última segunda-feira, esse intervalo 40-49 continuava a ser o principal com 20,6%, seguido do 30-39 com 19,7%; este domingo, essa tendência mantinha-se, com 19,6% do 40-49 seguido pelo 18% do 30-39. No entanto, e ao longo de uma semana que foi tornando mais homogéneos os intervalos etários em comparação com o que se registara, houve um outro dado que não confirmou o que tinha acontecido na semana passada: se no dia 16 39% dos infetados tinham 50 ou mais anos, no dia 22 essa percentagem aumentou para 45,7%, registando-se subidas nesses quatro últimos intervalos abrangidos: 50-59 (1,8%), 60-69 (2,1%), 70-79 (0,3%) e +80 (2,3%).

Caracterização dos casos por grupo etário no domingo, dia 22: 23 entre 0-9 anos, 57 entre 9-19, 187 entre 19-29, 288 entre 30-39, 314 entre 40-49, 282 entre 50-59, 213 entre 60-69, 141 entre 70-79 e 95 com +80

Mais casos no Norte, maior percentagem de crescimento no Centro e no Norte

O final da semana de 9 a 15 de março trouxe uma inversão ténue da tendência, com a região de Lisboa e Vale do Tejo a ter em dois dias consecutivos mais casos do que a região Norte: no dia 15, com mais 13 (116-103), e no dia 16, com mais quatro (142-138). No entanto, logo na terça-feira, dia 17, a região Norte voltou a ter mais casos (16, 196-180) e foi crescendo até domingo, com a diferença recorde de 291 casos em relação à região de Lisboa e Vale do Tejo. Se a percentagem de aumento de casos entre dia 16 e dia 22 foi de 383%, na região Norte foi de 498% e na região Centro foi de 481% (passou de 31 casos na segunda-feira para 180 no domingo), ao passo que na região de Lisboa e Vale do Tejo fixou-se nos 276% e na região do Algarve nos 169%. Esta foi também a semana que trouxe os primeiros casos na região do Alentejo e na Madeira (nos Açores havia um, agora são três).

Caracterização dos casos por região no domingo, dia 22: 825 na região Norte, 534 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 180 na região Centro, 35 na região do Algarve, 5 na região do Alentejo, 5 na Madeira e 3 nos Açores (e 10 estrangeiros, mais quatro do que na segunda-feira, dia 16)

Aumento dos casos em vigilância inferior às outras subidas

O aumento de todos os pontos fornecidos pelo Relatório diário da situação epidemiológica em Portugal da DGS foi sempre acima dos 200% na última semana: o aumento do número de infetados, o aumento dos casos suspeitos, o aumento dos casos não confirmados, o aumento dos casos que aguardam resultado. A única exceção aqui foi o aumento dos casos sob vigilância, que tiveram um acréscimo de 174%, de 4.592 para 12.562. Para isso teve também influência a forte descida neste domingo: se no dia 17 houve um acréscimo de 2.258 casos, no dia 19 de 1.435, no dia 20 de 917 ou no dia 21 de 4.147, dia 22 teve um decréscimo de 593 casos.

Número de contactos em Vigilância pelas Autoridades de Saúde no domingo, dia 22: 12.562