Depois dos rumores que levaram os utilizadores a desinstalar o Houseparty, a empresa promete dar um milhão de dólares (cerca de 906 mil euros) à primeira pessoa que conseguir provar como começou esta “campanha difamatória”. O programa foi divulgado pela startup no Twitter, e confirmado ao Observador por responsável da empresa através da mesma rede social.

“Estamos a investigar indicações de que os recentes rumores sobre hackers foram espalhados por uma campanha comercial de difamação paga para prejudicar a Houseparty. Estamos a oferecer uma recompensa de 1.000.000 de dólares para a primeira pessoa que forneça prova dessa campanha para bounty@houseparty.com”, lê-se na publicação.

A história detrás desta caça à recompensa começou esta segunda-feira. Através do Twitter e do WhatsApp foram partilhadas mensagens nas quais alegados utilizadores alertavam: “A todas as pessoas que têm a app Houseparty: Há pessoas a ser roubadas, entram nas contas bancárias delas através da app do banco, entram nas outras contas que tiverem, inclusive entram no telemóvel através da app. Apaguem a conta e apaguem a app!”. Esta mensagem era acompanhada por duas imagens nas quais uma alegada utilizadora dizia ter tido a conta de Spotify e Netflix comprometidas.

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Horas antes, o tabloide britânico Daily Mail já noticiava estas alegações na sequência de mensagens semelhantes que foram partilhadas no Reino Unido. No mesmo dia, em resposta ao Observador, a empresa defendeu-se das alegações: “Não encontrámos nenhum indício que mostrem uma relação entre o Houseparty e os dados comprometidos de outras contas terceiras”.

Houseparty nega acusações de pirataria e garante: “O serviço é seguro”

Contudo, apesar de a app levantar questões de privacidade — como o Observador relatou —, nos últimos dias, vários meios, como a Forbes, escrutinaram a app. Nestas análises, recorrendo a especialistas na área, foi sempre afirmado e demonstrado que a app não tinha problemas de cibersegurança, apesar de recolher bastantes dados dos utilizadores (à semelhança do que outras redes sociais concorrentes também fazem, como o Facebook).

Além desta mensagem, a empresa deste serviço de videochamadas de grupo que tem sido um escape para milhões numa época de quarentena escreveu: “Passámos as últimas semanas a sentirmo-nos humildemente gratos por podermos ser uma parte tão grande de unir pessoas durante um período tão difícil”.

O que é o Houseparty?

O Houseparty foi lançado em 2016 e tem como presidente executivo uma confundadora, Sima Sistani. Atualmente, o serviço é detido pela Epic Games (desde junho de 2019). Esta empresa norte-americana sediada no estado da carolina do Sul é responsável por software de jogos como o Unreal Engine e detém videojogos de sucesso como o Fortnite. A Epic Games é detida maioritariamente pelo fundador e presidente executivo, o norte-americano Tim Sweeney, e pelo grupo chinês Tencent, especializado em investimentos tecnológicos, que detém 48.4% das ações.

Como explicava em 2019 ao The Verge a criadora da app, Sima Sistani, a app é “basicamente um terceiro local para a geração Z e jovens millennials“. “O que fazem na app é o que costumávamos fazer no quintal, na cave”, explica. Ou seja, o Houseparty quer recriar à distância o convívio em grupo de amigos. Neste ano, o número médio de amigos que um utilizador tinha na app era de apenas 23, ao contrário de redes como o Facebook, que incentivam a que se tenha centenas. Numa época de isolamento social, a app tem ganhou milhões de utilizadores devido à dinâmica diferente de permitir fazer facilmente videochamadas com possibilidade de se poder jogar jogos como o Pictionary ao mesmo tempo.

Passámos um fim de semana a testar o Houseparty. Percebemos a ideia, mas preferimos o Skype

Por ser uma app social, o Houseparty mostra, por definição, se uma pessoa está online ou não (no topo superior esquerdo, no símbolo do smile a sorrir há a opção de controlar notificações). É possível mudar nas definições de contactos quem pode ver isso ou não, mas a base do sistema mostra sempre quem está online, incluindo o próprio utilizador. Contudo, só vê quem, previamente, o utilizador aceitou como amigo nesta plataforma.