O Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, reapareceu em público 34 dias depois, numa declaração ao país em que defendeu a eficácia da estratégia do seu governo para a pandemia — que tem sido de não tomar medidas restritivas — e afirmou que a pandemia de Covid-19 “é um sinal de Deus“. Durante o discurso, citado pelo El Mundo, Ortega justificou o facto de as escolas continuarem abertas, de não restringir a liberdade de circulação e de não proibir entradas de estrangeiros no país com a seguinte frase: “Se o país parar de trabalhar, o país morre, as pessoas morrem“. Na Nicarágua houve apenas 9 casos registados, dos quais resultou uma morte (nos restantes 8 casos, há quatro curados e quatro infetados).

Nicarágua: o país que tenta ignorar a Covid-19 e onde ninguém sabe do Presidente

Ao longo do discurso, Ortega criticou os sistemas de saúde dos países desenvolvidos, a compra de armas nucleares e as Nações Unidas. O Presidente da Nicarágua destacou ainda que os EUA, mesmo sendo a maior potência militar e económica do mundo, não têm capacidade para dar resposta aos seus cidadãos na pandemia, lembrando que os norte-americanos ainda têm de pagar para ser tratados por esses serviços de saúde.

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Sobre o facto de ser um sinal divino, o líder dos sandinistas referiu-se à forma como o novo coronavírus “se multiplicou por todo o mundo, não havendo força, barreira ou muro que pudesse travá-lo. Não há bilionário que possa travá-lo.”

Ortega admite que, mesmo assim, a economia do país será afetada, mas destacou que o importante é que as pessoas “continuem a trabalhar” seguindo com “disciplina” as regras das autoridades de saúde.

Sobre o facto de haver poucos casos na Nicarágua, Ortega justifica com o facto do país ter colocado “brigadas sanitárias” a visitar famílias porta-a-porta. O chefe de Estado disse ainda que todos os casos no país foram importados. O país, como noticiava há dias o El Mundo, até mantém atividades desportivas como jogos de futebol.

Ortega, ex-guerrilheiro de 74 anos que lidera a Nicarágua desde 2011 (e que já tinha sido Chefe de Estado entre 1984 e 1990 depois do triunfo revolução sandinista em 1979), não era visto desde 12 de março, dia em que participou de sua residência em uma teleconferência com seus colegas da América Central sobre a pandemia. Agora apareceu ao lado da mulher, com olheiras carregadas.