A secretária de Estado da Cultura do governo Bolsonaro cantou na quinta-feira, durante uma entrevista à CNN Brasil, uma música em homenagem à ditadura militar, minimizando as mortes, a censura e a tortura ocorridas durante este período. Regina Duarte aproveitou ainda para negar os rumores de que iria deixar a pasta.

Durante a entrevista exclusiva à emissora, a secretária da Cultura brasileira começou a cantar o “Pra Frente, Brasil”, uma música associada ao regime militar, perguntando: “Não era bom quando a gente cantava isso?”

O entrevistador, o jornalista Daniel Adjuto, rapidamente argumentou que muitas pessoas foram torturadas, censuradas e até mortas.

Na humanidade, não para de morrer [gente]. Se você falar [sobre a] vida, de um lado tem morte. Porque é que as pessoas ainda ficam óóó [chocadas]? Estaline, quantas mortes? Hitler, quantas mortes?”, afirmou.

“Se você falar da vida, do lado tem a morte. Sempre houve tortura, censura. Sou leve, estou viva. Estamos vivos, vamos ficar vivos? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões”, afirmou a atriz.

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A partir do estúdio da CNN em São Paulo, o pivô Reinaldo Gottino decidiu também intervir na entrevista: “Acho que a gente não pode minimizar a questão da ditadura, isso tem que ficar claro”.

Em relação à Covid-19, a secretária referiu que a pandemia está “trazendo uma morbidez insuportável”, algo que classifica como sendo “perigoso para a cabeça das pessoas”.

Regina Duarte negou ainda os rumores de que iria deixar o governo após conflitos com Bolsonaro, revelando que o próprio Presidente lhe recomendou que ficasse longe das redes sociais.

Parece que as pessoas têm um ansiedade em me ver fora. Em nenhum momento [senti que ia sair]. Estava um clima superbom, ele estava animado, leve, rindo. A gente brinca, ele brinca mesmo. E ele estava num desses momentos leves, descontraídos, foi muito bom”, contou a ex-atriz da Globo.

A entrevista acabou quando Regina Duarte se recusou a continuar, depois de os jornalistas lhe terem pedido que ouvisse e comentasse um vídeo enviado à produção por Maitê Proença. A atriz questionava o silêncio da governante face à morte de colegas e pedia mais medidas de apoio para os artistas durante a pandemia.

“Acho baixo nível”, disse Regina Duarte, recusando-se a comentar o vídeo e alegando ter sido gravado semanas antes. No estúdio, os jornalistas garantiram que o vídeo teria sido enviado no próprio dia.

“Vocês estão desenterrando mortos, estão carregando um cemitério nas costas. Vocês devem estar cansados. Fiquem leves, bola para a frente”, disse, dirigindo-se aos apresentadores, antes de a entrevista acabar. “Não foi combinado nada disto”, ouve-se ainda Regina Duarte a dizer.