Parece que já foi há muito tempo e que não é propriamente real, mas a verdade é que Iker Casillas é mesmo candidato à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol. O ainda guarda-redes do FC Porto, que não joga desde que sofreu um enfarte há cerca de um ano mas ainda não terminou oficialmente a carreira, mesmo que esse fim esteja implícito com a candidatura, é o grande opositor de Luis Rubiales na luta pela liderança do futebol espanhol. Uma vitória de Casillas, mais do que uma derrota de Rubiales, seria o início da passagem de uma geração mais recente de jogadores espanhóis para cargos institucionais — mas parece que a simples candidatura já está a ser inspiradora.

Se o ambiente não é pacífico no cerne da Federação — e principalmente na relação com a Liga e com o respetivo presidente, Javier Tebas –, a verdade é que a situação não é mais pacífica na Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE). Se David De Gea e Juan Mata se demitiram do cargo de vice-presidentes há vários meses, em rota de colisão com a restante direção, as alegações subiram agora de tom. David Aganzo e Diego Rivas, presidente e secretário-geral da Associação, foram esta semana acusados de suborno num email enviado a todos os membros da direção do organismo. A mensagem foi enviada por Antonio Saiz Checa, um funcionário da AFE, que revela que foi subornado para “conseguir documentação económica do sindicato dos futebolistas”.

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Ao email, ao qual o jornal Marca teve acesso, Saiz Checa acrescentou uma carta onde detalha o alegado suborno de que foi vítima, explica que foi despedido no passado mês de agosto e contratado novamente depois de corresponder às exigências de David Aganzo e ainda justifica o porquê de ter decidido revelar tudo agora. “O presidente, fazendo uso da sua superioridade hierárquica, obrigou-me, mediante várias pressões, a colaborar para conseguir de forma ilícita documentação económica do Sindicato dos Futebolistas. O presidente pretendia demonstrar que o Sindicato estaria a ser financiado pela Liga de Futebol Profissional. Esta documentação deveria ser conseguida através do pagamento de três mil euros a um funcionário público, um valor para o qual contribuíram alguns membros da direção e trabalhadores da AFE, e com o contributo de David Aganzo e Diego Rivas. A documentação económica entreguei-a pessoalmente a David Aganzo, estando presente, entre outros, também Diego Rivas”, conta o antigo funcionário da Associação, concluindo que decidiu contar tudo porque “estes relatos estão agora na justiça”.

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Com a queda da bomba, começa a surgir uma vaga de fundo, criada pelos jogadores associados, que empurra um nome específico para a oposição a David Aganzo: Fernando Morientes. O antigo avançado de Real Madrid e Liverpool e da seleção espanhola, agora com 44 anos, parece ser o favorito dos jogadores espanhóis para assumir a presidência da AFE. Algo que, conforme explicou ao El Mundo, não desagrada ao próprio Morientes. “Não é uma coisa que tenha procurado. É uma boa surpresa, que os teus colegas, ex-colegas, treinadores, te chamem… Deixa-me cheio de orgulho. Pelo que ouvi, os problemas internos que estão a aparecer com esse funcionário da AFE… São coisas que causam danos à sua imagem. Aquilo que conhecia como AFE, não é o que estou a ver. Os futebolistas estão desunidos. Continuo a ser sócio e não gosto da imagem que está a ser dada, deixa-me triste”, disse o antigo jogador.

“Se não fossem os jogadores a falar, nem estaria a pensar nisso. Estou a dar voltas à cabeça. O que os jogadores querem é uma mudança já. Percebo que a imagem que está a passar da Associação não os representa. O futebol deu-me tudo e se os futebolistas me chamam… É-me difícil olhar para o outro lado. Quero apresentar-me seriamente”, concluiu Morientes, que parece estar a pensar a sério em candidatar-se ao organismo que representa os jogadores espanhóis.