Um dia depois de o primeiro-ministro britânico Boris Johnson ter segurado o seu controverso assessor, o seu secretário da Saúde voltou a reforçar a segurança em Dominic Cummings. “O que ele fez estava dentro dos parâmetros, mas compreendo que as pessoas possam ter outra visão”, sustentou Matt Hancock no habitual briefing de balanço da pandemia em Downing Street, não escapando no entanto às perguntas do público, a começar pela intervenção de Martin Poole, um vigário de Brighton que confrontou o responsável com uma eventual revisão das penalizações aplicadas a famílias que, tal como justificou Cummings, violaram as regras do confinamento por motivos de assistência à família. “Vamos ver isso…e garantir que lhe escrevemos detalhando tudo e que anunciaremos a nossa decisão a partir deste mesmo lugar. Penso que podemos comprometer-nos com isto”, garantiu Hancock, abrindo a porta a esta possibilidade.

“Compreendemos o impacto e a necessidade de garantir que as crianças recebem tratamento adequado”, continuou o secretário de Estado, acrescentando que terá que “falar com os colegas do Tesouro antes de dar uma resposta final”.

No rescaldo da abertura revelada pelo secretário de Estado, face à pergunta incómoda de Poole, a Sky News avança no entanto que dificilmente o Governo irá apreciar esta questão, rejeitando a hipótese de uma “revisão formal” do assunto, no sentido de garantir a devolução às famílias. Segundo o mesmo órgão, outras figuras-chave no Governo terão sido apanhadas de surpresa pelas palavras do responsável.

Sobre o ponto da situação da pandemia no Reino Unido, Matt Hancock começou por particularizar o cenário, positivo, na Irlanda do Norte, num dia em que o balanço mais recente dá conta de  mais 134 mortos nas últimas 24 horas. “Ontem, pela primeira vez desde março, não houve mortes pelo novo coronavírus na Irlanda do norte”, saudou o secretário de Estado da Saúde britânico. “Passámos o pico, aplanámos a curva, protegemos o Serviço Nacional de Saúde, o número de mortes está a cair, temos que manter este resultado”, alertou ainda, com a máxima “controlar o vírus” agora em cima da mesa nesta fase de combate à pandemia.

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Hancock, que voltou a sublinhar “o esforço mastodôntico no Serviço Nacional de Saúde”, centrou a intervenção em duas notas: a importância da proteção pessoal dos médicos e auxiliares na linha frente e dos tratamentos, numa altura em que foi ultrapassada a barreira dos 37 mil óbitos, num total de 37.048, e foram realizados quase 110 mil testes no último dia, somando-se ainda 2.004 novos casos.

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O governo anunciou contratos no valor de mais de 2 mil milhões de libras para confecionar materiais de proteção no Reino Unido, incluindo material como luvas, e confirmou que irá autorizar o uso da droga antiviral remdesivir, usada no combate ao ébola. “Iremos priorizar o uso deste medicamento onde revelar melhores benefícios, apesar de ainda serem passos muito embrionários”, avançou o secretário de Estado. Estão ainda previstas medidas de lockdown a nível local para casos pontuais de surtos que possam motivar preocupação acrescida.