Os concessionários das praias algarvias discordam da lotação definida pelas autoridades para as praias da região, considerando que será difícil cobrir custos e que este ano está “praticamente perdido”, disse à Lusa o vice-presidente de uma associação do setor.

“Compreendemos que a Agência Portuguesa do Ambiente [APA] e o Ministério do Ambiente se esforçaram e fizeram tudo, porque não é fácil, nesta situação de pandemia e com restrições, pôr as praias a funcionar. Não vamos dizer que concordamos, mas pelo menos aceitamos”, afirmou Artur Simão.

O vice-presidente da Associação dos Industriais e Similares Concessionários das Praias da Orla Marítima do Algarve (AISCOMA) acredita que a fórmula encontrada para definir a lotação de cada praia pode ajudar os concessionários a “cobrir algumas despesas”.

Contudo, apesar de reconhecer que, “na situação em que os empresários e concessionários estão”, a solução encontrada “pode dar uma ajuda”, aquele dirigente sublinhou que este “vai ser um ano muito diferente dos outros”.

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“Vamos ver como as coisas vão correr, porque só durante a época balnear é que vamos ver as dificuldades que vamos ter, embora já saibamos que este ano está praticamente perdido“, considerou, lembrando que se trata de uma realidade nova que ainda ninguém experienciou.

Sobre a capacidade de ocupação definida para as praias do Algarve, Artur Simão respondeu que “há números com os quais não concorda”, porque alguns areais “têm mais capacidade do que a definida”.

Além disso, acrescentou, é também necessário ter em conta que há “muitas praias que têm falésias” na região e, “entre falésias e as linhas de água”, que sobem e descem consoante a maré, “é preciso ver com o tempo como vai ser”.

“A associação não está otimista, está pessimista e preocupada, agora, tendo em conta esta situação, vamos ver o que se vai passar, mas vai ser um ano em que, se conseguirmos cobrir as despesas, será muito bom”, disse ainda a mesma fonte.

Na quinta-feira, a presidente da Câmara de Portimão, concelho com a praia vigiada com maior capacidade do barlavento algarvio, considerou esta sexta-feira que a lotação prevista para os areais do concelho permite ter “praias seguras”, frisando que a capacidade pode ser alterada.

Segundo o plano que estima a capacidade potencial de ocupação das praias, divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Praia da Rocha, em Portimão, tem capacidade para 8.800 pessoas, embora seja indicada como uma praia suscetível de eventuais problemas de lotação.

Seguem-se no barlavento as praias de Alvor, também no concelho de Portimão, com potencial capacidade para 4.200 pessoas e a Praia da Rocha Baixinha Nascente, no concelho de Albufeira, com capacidade indicativa para 3.400 utentes.

O presidente da Câmara de Faro disse, por seu turno, que vai contratar mais nadadores-salvadores para aumentar a área vigiada das quatro praias do concelho, de acordo com a capacidade indicativa de ocupação no contexto da pandemia de Covid-19.

“Estamos a contratar mais nadadores-salvadores, mas não vamos cobrir a totalidade das praias. Vamos também comprar uma moto quatro para que esses nadadores-salvadores possam fazer a vigilância fora dos circuitos normais”, disse à Lusa Rogério Bacalhau (PSD), considerando que a segurança “parte de cada um”.

A Praia de Faro, com capacidade potencial de ocupação de 12.600 pessoas e com cinco unidades balneares é, a par da praia de Monte Gordo, no concelho de Vila Real de Santo António, com a mesma capacidade, um dos dois areais vigiados com maior lotação indicativa do sotavento (leste) algarvio.

A APA publicou na quarta-feira a capacidade potencial de ocupação das praias das regiões do Algarve e Tejo/Oeste, tendo em conta que o dia 6 de junho marca o início da época balnear, conforme determinação do Governo no âmbito da pandemia da Covid-19, cabendo à APA o apuramento da capacidade das praias.

Em resposta à agência Lusa, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, que tutela a APA, explicou esta sexta-feira que a divulgação feita da capacidade das praias em contexto da pandemia da Covid-19 integra “uma consulta informal, logo vai sofrer alterações com base nos contributos recebidos”, reforçando que se trata de “um documento em mutação”.