Cerca de 200 polícias foram agredidos nos primeiros quatro meses do ano e, durante o estado de emergência, foram reportados 87 casos de agressões, revelou este sábado a Polícia de Segurança Pública.

Dados enviados à agência Lusa indicam que, entre 01 de janeiro e 30 de abril, a PSP registou 203 agressões a polícias, menos 60 do que no mesmo período de 2019, quando foram reportadas 263.

A PSP precisa que as agressões aos polícias reportadas são de “tipologia e gravidade diversa”.

Segundo esta força de segurança, os casos de agressões a agentes são transversais a todo o país “sem especial incidência numa tipologia de zona urbana ou, sequer, num determinado tipo de ocorrência”.

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No entanto, aquela polícia nota que se regista “uma maior concentração destes episódios nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”, sendo também as áreas de responsabilidade da PSP, com maior extensão territorial, concentração da população e do número de polícias.

A PSP indica também que, entre 22 de março e 02 de maio de 2020, quando foi decretado o estado de emergência devido à pandemia de covid-19, foram reportados 87 casos de agressões a polícias, enquanto no mesmo período de 2019 registaram-se 110 casos.

Dados do Relatório Anual de Segurança Interna dão conta que, em 2016, 924 polícias sofreram agressões, aumentando para 942 no ano seguinte e, em 2018, registaram-se 875, não existindo ainda dados de 2019.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) considerou grave a existência de agressões aos polícias, sustentando que “mais do que o número é preocupante a violência das agressões”.

Paulo Rodrigues destacou que as agressões aos polícias “são cada vez mais violentas e feitas em grupo”, frisando que, nos últimos anos, têm aumento as ameaças aos polícias, bem como os apedrejamentos.

“É uma tendência que deixa os polícias preocupados e que dá a ideia de que a polícia perdeu autoridade”, disse.

Paulo Rodrigues esclareceu que, apesar da diminuição entre janeiro e abril, essa não tem sido a tendência dos últimos anos, tendo justificado a redução das agressões aos polícias com o estado de emergência, uma vez que durante este período a ação da polícia centrou-se basicamente em gerir a pandemia e as situações de trânsito.

Para a ASPP, “as frequentes agressões físicas a polícias começam a fazer parte do dia a dia desta instituição”.

O presidente da ASPP considerou também que a direção nacional da PSP tem manifestado preocupação e feito uma ação em relação às agressões aos polícias, mas alertou para a necessidade de a existência de um plano para minimizar esta situação.

Nesse sentido, Paulo Rodrigues afirmou que a ASPP enviou na semana passada uma proposta ao Governo, direção nacional da PSP, grupos parlamentares e Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).

No documento, intitulado “Agressões a agentes de autoridade”, a ASPP refere que é “necessário uma profunda reflexão sobre a forma de evitar ou pelo menos atenuar significativamente este tipo de ocorrências, que coloca em causa não apenas a integridade física e psicológica dos elementos agredidos, mas danifica de forma muito séria, grave e algumas vezes até irremediavelmente, os alicerces que fundam a autoridade do Estado”.

Segundo a ASPP, entre as propostas está a necessidade de distribuir coletes de proteção balística individual a todos os polícias, a necessidade de rever modelo de atuação no terreno e a imediata atribuição do suplemento de risco atribuído em razão das condições de risco.

A ASPP defende ainda o uso da ‘bodycam’ e rastreador GPS no equipamento individual, abolição das patrulhas individuais e mais formação.