Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi o último orador desta terça-feira do Collision From Home, o evento irmão da Web Summit que se realiza no Canadá (devido à pandemia está a ser online). O líder da OMS falou do papel da tecnologia para salvaguardar a saúde e deixou um pedido aos empreendedores e “inovadores”: “Falem connosco, vamos trazer as vossas ideias ao mundo”.

Tedros Adhanom Ghebreyesus falou no canal de stream principal do Collision, que é de livre acesso e não necessita de registo

O discurso de Ghebreyesus era um dos mais antecipados do primeiro dia e teve como principal foco a pandemia da Covid-19, que referiu como “o maior desafio dos nossos tempos”. Porém, de acordo com o diretor-geral da OMS, este desafio “mostrou também novas formas de colaboração” e tem “requerido muito da tecnologia”. Por isso, e dizendo que é em eventos como no Collision que se pode “encontrar as melhores pessoas para ajudar a OMS”, deixou três conselhos para incentivar “os inovadores”:

  • “Primeiro, saibam o vosso mercado, saibam onde as necessidade de Saúde são mais precisas”.
  • Depois, referiu: “Perguntem-se todos os dias se a tecnologia em que estão a trabalhar vai servir os mais os pobres ou os ricos? Vai tornar o mundo mais justo ou vai aumentar as desigualdades?”.
  • Por fim, disse: “Falem connosco, amos trazer as vossas ideias ao mundo. (…) A OMS quer criar um mundo mais seguro para todos”.

Além destes conselhos e pedido, Ghebreyesus salientou que, na tecnologia, não se pode apenas “ficar cativado com cada gadget novo”, referindo que o “futuro da saúde é digital”. “As tecnologias têm desempenhado um papel crucial e esta tendência vai continuar”, afirmou. Como exemplo, o responsável da principal organização de saúde a nível mundial relembrou que, “a 31 de dezembro do ano passado”, foi um “sistema” tecnológico “que captou um surto de casos de pneumonias em Wuhan, na China” e que foi graças a isso que a OMS começou a investigar mais a questão.

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Nesta mensagem, o responsável não se referiu a nenhuma das polémicas em que a OMS está atualmente envolvida, como críticas de apoio ao regime chinês por não reconhecer Taiwan como um nação independente ou as ameaças que a organização tem recebido do presidente dos EUA, Donald Trump. Em vez disso, Ghebreyesus referiu que a OMS tem trabalhado com empresas tecnológicas como o Facebook e a Google na luta contra a desinformação sobre a Covid.

O responsável deu exemplos de projetos que têm vindo a ser lançados, tendo a OMS inclusivamente criado um chatbot [algoritmo robótico para conversas digitais] para responder no Messenger a dúvidas sobre a Covid-19. O objetivo deste “esforço”, disse, é a organização conseguir estar “um passo à frente” na luta contra as notícias falsas.

A desinformação viaja mais longe, mais rápido e às vezes mais profundamente do que a verdade”, disse Ghebreyesus.

De acordo com Ghebreyesus, só com a tecnologia é que a OMS vai conseguir continuar a combater a pandemia e “promover a igualdade de saúde digital”. O responsável da organização referiu que, atualmente, são mecanismos de inteligência artificial que estão a ajudar a evitar novos surtos. Além disso, são tecnologias como o “contact tracing” [apps e softwares que registam movimentos de infetados], entre outras inovações, que têm permitido à OMS “desenhar respostas precisas”.

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O Collision From Home decorre até quinta-feira e recebe nos vários canais online nomes como: Pierre-Dimitri Gore-Coty, vice-presidente do Uber Eats; Brittany Kaiser, uma das denunciantes que revelou o escândalo da Cambridge Analytica; entre outros nomes relevantes do ecossistema tecnológico que também costumam marcar presença na Web Summit.

Entre as apresentações que têm decorrido, o Collision From Home tem mostrado um vídeo promocional à Web Summit, mas sem falar de datas. Na semana passada, Paddy Cosgrave revelou através do Twitter que “a Web Summit vai decorrer em Lisboa” seguindo os “mais rigorosos protocolos de saúde, conforme orientação do Governo de Portugal. Contudo, desde 16 de junho, data da publicação, nem o governo, nem a Câmara Municipal de Lisboa, nem a organização da Web Summit avançaram mais informações.