Já estava tudo decidido no topo da classificação mas faltava ainda disputar uma jornada: o Barcelona visitou o Alavés já a saber que tinha perdido a liga espanhola, o Real Madrid deslocou-se ao recinto do Leganés já a saber que tinha conquistado a liga espanhola. Queria isto dizer, portanto, que catalães e merengues não tinha qualquer necessidade de jogar à mesma hora, já que as decisões estavam todas definidas — e por isso mesmo, o Barcelona entrou em campo a meio da tarde e o Real Madrid só atuou já à noite.

Num dos primeiros jogos do dia em Espanha, o Barcelona visitou o Alavés com o orgulho ferido da derrota em Camp Nou com o Osasuna, apenas na passada quinta-feira, que aliada à vitória do Real Madrid com o Villarreal acabou por garantir desde logo o título da equipa de Zidane. Já com pouco ou nada em jogo, Quique Setién decidiu lançar Ansu Fati, Riqui Puig, Ronald Araújo e o guarda-redes Neto no onze inicial e os catalães mostraram a resposta que não souberam ter na semana passada. Ansu Fati, Messi e Suárez marcaram todos ainda na primeira parte, Nélson Semedo aumentou a vantagem já no segundo tempo e o capitão de equipa ainda foi a tempo de fechar as contas já dentro do último quarto de hora.

No final do jogo e depois da “chapa cinco” aplicada ao Alavés, Messi falou aos jornalistas sobre o falhanço da temporada a nível interno e garantiu que o tópico já foi discutido e debatido internamente — afastando propositadamente a ideia engrossada pela comunicação social espanhola de que o argentino lidera o grupo na ótica de afastar Quique Setién do comando técnico da equipa. “Hoje já se viu outra coisa, era um jogo difícil devido à situação em que estávamos, com a hora e o calor. A equipa respondeu de outra maneira, em atitude e compromisso. É um passo importante tendo em conta que ainda aí vem”, disse Messi, recordando que o Barcelona ainda está na Liga dos Campeões, onde vai disputar a segunda mão dos oitavos de final com o Nápoles no início de agosto.

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“Já fizemos o principal, que foi fazer a autocrítica dentro de portas, como tem de ser. Não fizemos uma grande temporada ao nível de jogo e resultados. Hoje demos um passo à frente em atitude e compromisso. Ninguém nos pode ganhar na vontade e as coisas vão chegar como consequência disto. É um momento importante porque ainda vamos jogar coisas relevantes. Temos de ser mais regulares. Tivemos minutos muito bons e temos de os manter”, acrescentou Messi, que terminou a liga espanhola enquanto melhor marcador da época com 25 golos, mais quatro do que Benzema.

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Horas depois, em Madrid, o Real visitou o Leganés — um Leganés que, ao contrário do que acontecia com o já consagrado campeão, ainda tinha muito em jogo nesta última jornada. A equipa de Javier Aguirre entrava em campo ao mesmo tempo que o Celta Vigo, que jogava em casa do Espanyol, e precisava de ganhar para garantir a manutenção no principal escalão do futebol espanhol.

No último jogo da temporada a nível interno e antes de mudar o chip para a Liga dos Campeões, onde ainda tem de disputar a segunda mão dos oitavos de final com o Manchester City, Zidane lançou Lucas Vázquez na direita da defesa e Isco e Valverde no meio-campo, enquanto que Vinícius e Asensio faziam companhia a Benzema no ataque e Areola era o guarda-redes. O primeiro golo não chegou a demorar 10 minutos e apareceu por intermédio daquele que se tem tornado o suspeito do costume — Sergio Ramos. O central espanhol, figura maior da retoma merengue e do conjunto de bons resultados que garantiu o título ao Real Madrid, marcou de cabeça depois de um livre batido na esquerda (9′) e chegou ao sexto golo depois do reinício da competição, tendo marcado em seis dos 11 jogos desse recomeço.

Ainda antes do intervalo, porém, o jovem Bryan Gil empatou a partida e renovou a esperança do Leganés, que foi para o balneário a acreditar que podia chegar à vitória mágica para alcançar o conto de fadas da manutenção. Zidane tirou Sergio Ramos no início do segundo tempo, para deixar o central descansar e lançar Nacho, e a verdade é que o Real Madrid precisou de pouco mais de cinco minutos para voltar a ficar em vantagem. Com um passe perfeito de Isco, Asensio ficou isolado na grande área e atirou na diagonal para bater Cuéllar (52′), chegando ao terceiro golo desde que regressou da grave lesão que sofreu durante a temporada.

O Real Madrid quebrou o ritmo, Zidane colocou Brahim, Jovic e Kroos em campo e o Leganés tomou a dianteira da partida, sempre com o objetivo de chegar à vitória que significaria a manutenção. Depois da paragem para hidratação, quando faltava cerca de um quarto de hora até ao apito final, a equipa de Aguirre chegou ao segundo golo e empatou por intermédio de Assalé (78′), passando depois os últimos dez minutos do jogo completamente acampada no meio-campo adversário. O Leganés não conseguiu alcançar a vitória, desceu ao segundo escalão espanhol e acabou por deixar o campeão sair da última jornada com um ponto conquistado, perdendo pontos pela primeira vez na retoma.

Já o Real Madrid, embora não tenha ido além de um empate no jogo de consagração, voltou a ter um verdadeiro protagonista: o capitão Sergio Ramos, que abriu o marcador, saiu ao intervalo para ser poupado e já pensa na Liga dos Campeões, onde os merengues querem voltar aos troféus europeus depois de na temporada passada terem caído logo nos oitavos de final.