O partido Chega promoveu este domingo uma manifestação em Lisboa para dizer que “Portugal não é racista” e tentar afastar “esse fantasma” que assola o país sempre que algo de trágico acontece.

“Em Portugal não há racismo estrutural”, disse o presidente demissionário do Chega, em declarações aos jornalistas antes do arranque da marcha que, durante mais de uma hora, percorreu a Rua da Prata e do Ouro, terminando ao final da tarde com um intervenção de André Ventura na Praça do Município.

Defendendo que “o fantasma da hipocrisia sobre o racismo não continuará a vingar”, André Ventura reiterou que, tal como já tinha prometido, o Chega promoverá uma marcha “sempre que a esquerda e a extrema-esquerda” insistirem em colocar o tema do racismo na agenda política

“Nós somos um país muito peculiar em que sempre que acontece qualquer coisa mais trágica, como foi o caso do ator Bruno Candé, nós temos sempre o fantasma do racismo a assolar-nos”, salientou, insistindo que o Chega não aceita que o “racismo seja desculpa para tudo” e que quer “minorias com direitos, mas também com deveres”.

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“Nós queremos, sobretudo, dizer que Portugal não é um país racista”, acrescentou, admitindo, contudo, que por vezes acontecem “episódios racistas”.

À saída dos manifestantes da Praça do Município um homem contra a manifestação — encabeçada por André Ventura, entre outros que seguravam uma faixa que dizia “Portugal não é um país racista” — criou alguma confusão, que foi, contudo, resolvida em poucos minutos com a intervenção da polícia e de alguns elementos da organização que lhe pediram para se afastar.

CDS-PP diz que Portugal não é racista, mas isoladamente há crimes de racismo

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou este domingo que Portugal “não é um país racista”, mas considera “evidente que existem isoladamente crimes de racismo” no país.

Em comunicado, e sem nomear o partido Chega, Francisco Rodrigues dos Santos considerou contudo que “juntar centenas de pessoas nas ruas em plena crise pandémica (…) é uma imoralidade e um insulto a quem está a sofrer com esta pandemia”.

“Não vale tudo para responder à retórica da extrema esquerda e à sua visão do país que só existe na cabeça dos seus apaniguados”, sublinha Francisco Rodrigues dos Santos em comunicado, considerando que “o bom senso é o único radicalismo de que Portugal precisa”.

Para o líder partidário, “é tão óbvio que Portugal não é um país racista, como é também evidente que existem isoladamente crimes de racismo”, sublinhou.

Na sexta-feira, centenas de pessoas juntaram-se a uma concentração contra o racismo e antifascista em Lisboa, promovida por várias organizações na sequência da morte do ator Bruno Candé Marques.

No sábado, foi a vez do Porto acolher uma homenagem, que juntou cerca de 200 pessoas em homenagem ao ator, baleado há uma semana na via pública em Moscavide (Loures).

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