O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se na quarta-feira para discutir a crise no Mali, onde o presidente, Ibrahim Boubacar Keïta, e o seu primeiro-ministro, Boubou Cissé, foram detidos por militares, disseram fontes diplomáticas.

A reunião terá lugar à porta fechada durante a tarde a pedido da França e do Níger, que atualmente preside à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

O Presidente e o primeiro-ministro do Mali foram detidos por militares hoje ao final da tarde durante uma revolta, afirmou um dos líderes do motim citado pela agência France-Presse.

Presidente e primeiro-ministro do Mali detidos em motim militar

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Os amotinados assumiram o controlo do campo militar e das ruas adjacentes, dirigindo-se então para o centro da capital, segundo um correspondente da AFP.

Em Bamaco, foram recebidos com aplausos pelos manifestantes que exigem a demissão de Ibrahim Boubacar Keita (IBK).

Um dos catalisadores da atual crise política no Mali foi a invalidação, no final de abril, de 30 resultados das eleições legislativas pelo Tribunal Constitucional, incluindo cerca de uma dezena em favor da maioria parlamentar.

A decisão, aliada a fatores como o clima de instabilidade e insegurança sentido nos últimos anos no centro e norte do país, a estagnação económica e a prolongada corrupção instigaram várias manifestações contra IBK.

Portugal tem desde 01 de julho uma Força Nacional Destacada no Mali, no âmbito da Minusma, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295.

O objetivo do destacamento português é assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea, e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamako, onde estão alojados os militares portugueses.

ONU acompanha com preocupação crise no Mali e condena detenção do Presidente

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, está a acompanhar com “profunda preocupação” a situação no Mali, condenando o motim militar que levou à detenção do Presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita, foi hoje anunciado.

“O secretário-geral [da ONU] está a acompanhar com profunda preocupação os desenvolvimentos no Mali, incluindo o motim militar que culminou na prisão do Presidente Ibrahim Boubacar Keita e de membros do Governo hoje de manhã em Bamako”, lê-se numa declaração do porta-voz de António Guterres, Stéphane Dujarric, publicada no ‘site’ da ONU.

Segundo a mesma nota, Guterres “condena veementemente” estas ações, apelando para a “restauração imediata da ordem constitucional” e do “Estado de direito no Mali”.

Neste sentido, o secretário-geral defende a “libertação imediata” de Ibrahim Boubacar Keita e dos membros do seu Governo, incluindo o primeiro-ministro Boubou Cissé.

A ONU voltou a apelar para uma resolução pacífica do conflito, expressando o seu apoio à União Africana e à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na procura de uma solução para a atual crise no Mali.

O antigo primeiro-ministro de Portugal exortou também “todas as partes interessadas”, particularmente as forças de segurança e defesa, a defenderem “os direitos humanos e as liberdades individuais” do povo do Mali.