Um restaurante em Valência, no bairro Cabanyal, foi multado em mais de quatro mil euros por ter distribuído alimentos às famílias mais carenciadas durante o estado de emergência em Espanha e quando os restaurantes estavam fechados. O alcaide de Valência já veio garantir que a situação vai ser revista: “Não faz sentido multar quem distribui solidariedade”.
O La Lusitana Tasca, que fica no bairro residencial, teve de fechar portas durante o estado de emergência mas nessa altura, o proprietário Javier tinha “comida suficiente em stock e queria doar às pessoas mais vulneráveis no bairro”, disse num video publicado no Twitter.
⚠️????♂️✋ @policialocalvlc i @AjuntamentVLC ens posen multes per 4.200€ a la Tasca la Lusitana i a la Xarxa d'Aliments d'EVC per repartir aliments a les famílies necessitades del Cabanyal durant el confinament.
????????No ho anem a consentir @joanribo!
La solidaritat no es reprimeix! pic.twitter.com/LgvoYEKqDJ— Espai Veïnal Cabanyal (@EspaiCabanyal) August 25, 2020
Nessa altura contactou a Cruz Vermelha e as autoridades locais (centro de saúde, segurança social e polícia) para saber de que forma podia fazer essa distribuição e conta que a 17 de março distribuiu 84 refeições a famílias encaminhadas por instituições humanitárias. Os representantes das famílias que foram buscá-las ao restaurante cumprindo o distanciamento físico necessário e os colaboradores do restaurante tinham máscaras, garante o proprietário.
Agora, através do coletivo que representa o bairro veio denunciar esta terça-feira que essa iniciativa foi afinal considerada ilegal pela autoridades espanholas e que foi cobrada uma multa no valor de 4.200 euros ao restaurante. Javier conta que naquele dia de março, pelas 16h, quando terminaram a distribuição apareceu a polícia e com “um tom ameaçador” confrontou-os com a ilegalidade da situação.”Disseram-nos que sem a autorização do Governo não podíamos fazer aquilo”, conta Javier que diz mesmo que um dos agentes se dirigiu a uma voluntária dizendo-lhe para “parar de se fazer de boa samaritana”.
Javier também refere no vídeo que continuou, durante a pandemia, a “usar o restaurante como armazém e ponto de distribuição de alimentos” e queixa-se ao alcaide de Valência de “abuso da autoridade” da polícia, pedindo-lhe que “se dê conta do erro” que está a ser cometido. Teve resposta, também através do Twitter.
Joan Ribó escreveu que “não faz sentido” a multa aplicada e argumenta que “ao que parece, a sanção ocorreu no primeiro confinamento”, ou seja, “quando as indicações das autoridades sanitárias estavam a ser definidas”. O alcaide de Valência diz que “os factos serão revistos e as ações serão tomadas de acordo com a lei e a lógica humanitária”.
No. No té ningun sentit multar a qui reparteix solidaritat. Sembla que la sanció va tindre lloc en els primers dies de confinament, quan les indicacions de les autoritats sanitàries estaven definint-se. Es revisaran els fets i s’actuarà conforme a llei i a la lògica humanitària. pic.twitter.com/yf18JGamXX
— Joan Ribó (@joanribo) August 25, 2020