Depois de ter avançado com um lay-off em abril, o grupo Global Media comunicou ao final da tarde desta sexta-feira aos trabalhadores que iria dar início a uma opção “inadiável” de despedimento coletivo. Segundo o comunicado enviado aos trabalhadores, a que o Observador teve acesso, serão afetados “81 colaboradores, 17 dos quais jornalistas” em diferentes áreas da empresa.

“A evolução acentuadamente negativa do mercado dos media, agora mais evidente com a presente pandemia, precipitou os meios de comunicação social numa crise sem precedentes a que importa responder com fortes medidas de contenção”, refere a administração em comunicado.

A administração do grupo diz ainda que a opção é “difícil” mas “inadiável”, na sequência da “profunda quebra de receitas do setor, em particular na área da empresa”. O grupo que detém títulos como Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), O Jogo e a rádio TSF assume que a decisão é tomada “na plena consciência dos custos sociais que provoca”, mas também “na certeza de que as medidas que estamos a tomar permitem ao Global Media Group regressar a um nível económico e financeiro saudável”. E deixa a porta aberta para outras medidas.

Sindicato dos Jornalistas contesta despedimentos na Global Media. “As redações já estão demasiado exauridas”

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“É, pois, responsabilidade da Administração assumir a urgência de respostas adequadas, tornando-se indispensável ir mais longe nos objetivos de restruturação, de modo a ultrapassar os obstáculos de mercado e de conjuntura. Naturalmente, que além desta medida, tão difícil, outras foram e serão tomadas”, refere o comunicado.

Administração da Global Media avança com lay-off para garantir sustentabilidade

No início deste mês, em entrevista ao jornal Público, o empresário Marco Galinha, que recentemente se tornou acionista do grupo, comprando 10,5% das ações através do seu Grupo Bel, e que já tem em vista chegar à maioria (51%) — dava várias novidades sobre o futuro do grupo e abordava a questão do plano de despedimentos.

Uma coisa é o plano passado que eles têm com os despedimentos, não é nosso, é deles. A nossa condição de compra foi que eles tinham que executar esse plano e deve estar a ser executado. Mas isso é o passado, não é o futuro. E o futuro do grupo é investimento, no DN, em novos jovens jornalistas”, disse Marco Galinha ao Público, no início deste mês.

DN voltará a ser diário em papel. Prometido “investimento” — mas antes vêm despedimentos

Em relação ao DN, em concreto, o despedimento coletivo abrange oito jornalistas da redação e vários trabalhadores de outras áreas, da paginação ao secretariado. O Observador sabe que os jornalistas foram informados telefonicamente das decisões pelo diretor interino, Leonídio Paulo Ferreira, ao final da tarde desta sexta-feira, sendo-lhes comunicado que receberão as cartas oficiais da administração nos próximos dias. Os critérios, segundo a explicação avançada, terão sido o valor de alguns salários e até a antiguidade de alguns jornalistas no diário. Depois de concluído o processo de despedimento coletivo, deverá ser anunciado o futuro projeto para o jornal, que deverá regressar ao diário em papel a partir do final de dezembro, uma ideia que já tinha aliás sido noticiada. Será também conhecida a nova composição da direção.

Os restantes despedimentos acontecem no JN e n’O Jogo. Na TSF, não haverá jornalistas envolvidos neste despedimento coletivo, apenas rescisões por mútuo acordo.

A coordenação de todo o processo já está a ser feito por Domingos Andrade, o antigo diretor do JN, que é agora vogal da administração do grupo de media.

Domingos Andrade, diretor do JN, ascende à administração da Global Media