A ministra da Saúde, Marta Temido, assegurou esta quarta-feira que existem ainda 800 mil vacinas para a gripe em “stock”, apesar de notícias de rutura nas farmácias, defendendo que já houve um milhão de portugueses a terem acesso à vacina.

“À data de 3 de novembro foram entregues ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) 1,8 milhões de vacinas. Estão em entrega 270 mil vacinas na semana 30 de novembro a 6 de dezembro, uma data que poderá ser antecipada. Até à data foram vacinados um milhão de portugueses, havendo 800 mil vacinas em stock”, afirmou a governante durante uma audição conjunta nas comissões parlamentares de Saúde e de Orçamento e Finanças, para apreciação na especialidade do OE2021.

Em resposta a uma questão do deputado Ricardo Baptista Leite, do Partido Social Democrata (PSD), que alegou a existência de “milhões de portugueses de norte a sul do país em listas de espera” para a vacina da gripe, Marta Temido lembrou ainda que o Ministério da Saúde “reforçou a aquisição de vacinas este ano em 39%”, para um total de 2,070 milhões de doses, e que avançou com a antecipação do programa de vacinação.

“Do milhão de portugueses que foram vacinados, 770 mil foram com doses registadas como administradas e 260 mil com doses entregues para administração em instituições diversas”, explicou a ministra, vincando que além da disponibilização de 200 mil doses às farmácias de venda ao público, estes estabelecimentos “terão adquirido 500 mil vacinas”.

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Marta Temido reiterou também que o país continua a “procurar reforçar pontualmente” a aquisição de vacinas para a gripe e que “os portugueses em risco e com critério para administração da vacina terão acesso”, mas não deixou de assinalar as “quantidades limitadas” disponíveis no mercado mundial.

Contratação de 287 médicos permite a 341 mil pessoas terem médico de família

A contratação de 287 especialistas de medicina geral e familiar vai permitir que mais 341 mil portugueses passem a ter médico de família, afirmou a ministra da Saúde.

Na sua intervenção inicial na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2021, no parlamento, Marta Temido destacou a abertura de 1.385 postos de trabalho para a carreira médica, que já permitiram a celebração de 287 contratos com especialistas de medicina geral e familiar.

Realçou ainda o “reforço de profissionais de saúde no SNS com a previsão de um regime excecional de contratação a termo e a posterior possibilidade de conversão de 2.999 desses vínculos em contratos sem termo” e o investimento na aquisição de medicamentos e de vacinas para a Covid-19 que representam uma despesa estimada de cerca de 155 milhões de euros.

Marta Temido salientou “a capacidade de resiliência que o SNS tem tido” e o facto de em setembro “os níveis de atividade assistencial já estarem alinhados com os primeiros meses do ano e de se ter conseguido recuperar 6.000 cirurgias e 12 mil consultas em atividade adicional”.

Na audição conjunta da Comissão da Saúde e da Comissão de Orçamento e Finanças, a governante admitiu que o Orçamento do Estado para 2021 acontece “no momento mais difícil” da história do Serviço Nacional de Saúde. “Passaram 245 dias desde que o primeiro caso de infeção por SARS-Cov-2 foi diagnosticado em Portugal e não sabemos ainda quando existirá uma vacina ou tratamento eficazes para a Covid-19″, disse.

“É neste difícil contexto que somos chamados a preparar o Orçamento do Estado para 2021 protegendo os mais frágeis porque é isso o Estado social, porque é isso a cobertura universal em saúde”.

Marta Temido lembrou que o orçamento do Serviço Nacional de Saúde aumenta 1.210 milhões de euros face ao orçamento inicial de 2020 ou 805 milhões de euros face ao orçamento suplementar sendo que destes 468 milhões de euros são aumento da receita de impostos.

“Este é o quadro financeiro no qual desenvolveremos dois eixos de ação relativamente aos quais é necessário continuar a prosseguir o melhor equilíbrio possível: o da resposta à pandemia da Covid-19 e o da resposta às demais necessidades assistenciais da população. O da resposta à emergência e o da resposta a tudo o resto”, sublinhou.

Segundo Marta Temido, a criação de uma reserva estratégica de medicamentos, dispositivos médicos e equipamentos de proteção individual que nos primeiros meses da pandemia garantiu a disponibilidade destes artigos ao SNS e a outras áreas governamentais, tendo recebido até à data cerca de um milhão de batas, 1,4 milhões de fatos de proteção integral, 1,7 milhões de toucas, 20 milhões de luvas, 58 milhões de máscaras tipo 2, 13 milhões de respiradores e FFP2 e FFP3. Neste momento, está em aquisição cerca 28 milhões de itens destes artigos num valor financeiro que situa em cerca de 150 milhões de euros.