Quatro dos cinco tripulantes portugueses do navio “Geo Searcher”, que naufragou em outubro no arquipélago de Tristão da Cunha, Atlântico Sul, regressaram esta quarta-feira a Portugal, disse à Lusa um dos sobreviventes.

Os quatro técnicos navais de Aveiro e Vila do Conde, há uma semana na África do Sul, viajaram esta quarta-feira à noite na companhia KLM, com partida da Cidade do Cabo para Amesterdão às 00h30 locais (22h30 de Lisboa) e chegada prevista a Lisboa às 14h35 de quinta-feira, disse Daniel Silva.

O quinto elemento da tripulação lusa, o chefe de máquinas José Santiago, 55 anos, da Gafanha da Nazaré, permanecerá na África do Sul até sexta-feira para acompanhar o processo de investigação em curso do naufrágio do “Geo Searcher”, adiantou.

Queremos regressar a casa o mais depressa possível, isto não estava previsto, não foram estes os cálculos que fizemos, uma vez que o regresso seria no início de 2021 porque a época terminava no final do ano”, frisou Daniel Silva.

Na Cidade do Cabo, referiu a mesma fonte, os técnicos navais portugueses foram acompanhados “incansavelmente” pelo cônsul-geral José Carlos Arsénio.

O técnico naval português, que era o eletricista do navio pesqueiro desde 2016, sublinhou à Lusa que sobreviveu por “milagre” ao naufrágio depois de quase meia hora dentro de água até ao resgate.

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O naufrágio do navio “Geo Searcher”, com 62 tripulantes e mais de 100 toneladas de carga a bordo, ocorreu na tarde de 15 de outubro, a 16 quilómetros de Gough, ilha vulcânica do arquipélago de Tristão da Cunha, no Atlântico Sul, onde o navio pescava lagosta quando “rasgou o casco ao embater numa rocha”, que estava submersa.

Os cinco técnicos navais portugueses, e a restante tripulação, foram resgatados há duas semanas da estação meteorológica sul-africana na ilha de Gough, que conseguiram alcançar por meios próprios, pelo navio sul-africano de investigação científica “SA Agulhas II”.

De acordo com Daniel Silva, o navio, registado em Belize, com 69 metros de comprimento, encontrava-se desde 2 de setembro na pesca da lagosta junto à ilha de Gough, no arquipélago britânico de Tristão da Cunha, a 2.000 quilómetros de Santa Helena, a ilha habitada mais próxima, e a cerca de 2.500 quilómetros da Cidade do Cabo, no sul da África do Sul.

A Ovenstone Agencies, concessionária de exploração de lagosta no arquipélago de Tristão da Cunha, adaptou a antiga embarcação norueguesa de pesquisa marítima em 2017, em Gdansk, Polónia, para a pesca da lagosta, efetuando também o transporte de bens e passageiros entre Tristão da Cunha e a África do Sul.

Daniel Silva avançou que a empresa está já a preparar a substituição do navio naufragado por forma a dar continuidade à licença inglesa de pesca de lagosta de cerca de 300 toneladas por ano até 2026.

“Eles têm que se munir de equipamento, neste caso um navio capaz de o fazer com sistema de congelação e tratamento como tinha o anterior e vão proceder a isso o mais breve possível, julgo que no ano que vem vão começar logo a preparar o navio para fazer a substituição do anterior”, salientou Daniel Silva.