A ministra da Saúde, Marta Temido, reconhece que “nenhuma unidade do Serviço Nacional de Saúde está livre de sofrer pressão” e admite que os níveis de mortalidade com Covid-19 se mantenham elevados “nos próximos dias“.

Marta Temido esteve no hospital de Penafiel para se inteirar sobre a situação do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), cuja sobrelotação devido à pandemia foi notícia. Disse que o CHTS já “registou algum alívio fruto de algumas transferências nos últimos dias” para o Hospital da Universidade Fernando Pessoa, para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes, entre outros. Mas considera que é “natural” que haja uma maior pressão naquele local.

O Hospital de Penafiel está numa área que, geograficamente, está no centro do furacão neste momento. É natural que tenha tido maior pressão. Nenhuma unidade hospitalar do SNS está livre de sofrer pressão.”

Questionada sobre um relato de enfermeiros que disseram que outros hospitais não recebiam doentes por considerarem que o Hospital de Penafiel não se tinha preparado, Temido diz que isso seria “inaceitável do ponto de vista ético e humano”.

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A ministra reconhece, porém, que há vários hospitais no Norte do país que “estão a sentir uma grande pressão de procura de doentes”. “Não estamos livres de ter esta pressão e uma mortalidade elevada nos próximos dias”, antecipa.

Hospitais pediram contratação de médicos, mas Marta Temido diz que o mercado “não tem gente disponível para ser contratada”

Já sobre os pedidos de ajuda para a contratação de mais profissionais de saúde, Marta Temido referiu que, desde o início da pandemia, “temos um regime excecional de contratação que permite contratar todos os profissionais que estão no mercado”. Só que, neste momento, “a situação com que nos deparamos é que o mercado não tem a disponibilidade que tem noutros momentos e há muitos profissionais que ficaram doentes”.

O mercado não tem gente disponível para ser contratada e, por isso, estamos a usar outras formas de resolver o problema.”

A ministra explicou que o facto de a região estar com forte incidência de novos casos levou a que muitos profissionais — “mais de 200” — também estejam infetados. “E isso tem um peso significativo na capacidade de resposta”.

Marta Temido pediu que não se baixe “a guarda” e reconheceu que os profissionais de saúde estão “cansados”. “Cá fora precisamos de aliviar a pressão a montante porque se houver 10 milhões de infetados não há capacidade de resposta.”

Outro aspeto “que mais preocupa” é a realização dos inquérito epidemiológicos “e a nossa capacidade de lhes dar resposta”. A ministra esteve reunida com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Vale do Sousa Norte,  a analisar “o atraso na realização dos inquéritos epidemiológicos” e a melhor forma para responder a esses atrasos. “Neste momento a unidade de saúde pública está a conseguir realizar cerca de 300 inquéritos por dia”, mas há outros inquéritos com mais dias que estão “acumulados” e que a ministra quer que se recuperem nos próximos 15 dias a três semanas.