“Vejam como vão sofrer”. “Alá prometeu-nos o paraíso, e a vocês o inferno”. “Vão arrepender-se de ter nascido”. “Cada grama deste ferro vai ser colocada nas vossas cabeças, nas dos vossos filhos ou na das vossas mulheres. Com a permissão de Deus”. Estas e outras frases foram pronunciadas por quatro alegados membros de uma célula do Estado Islâmico, que levaram a cabo o ataque em Barcelona e numa cidada catalã em agosto de 2017. O Ministério Público espanhol divulgou, em sede de julgamento, esta terça-feira, um vídeo inédito em que se veem os quatro homens a planear o ataque numa habitação que ocupavam em Tarragona, manipulando material explosivo, e a prometer derramar sangue.

Um dos presentes no vídeo é Mohamed Houli, que gravou o vídeo, e afirma que os explosivos iam fazer “muito mal” e “com a ajuda de Deus” ia conseguir proteger a sua religião. “Graças a Deus, o mais alto”. O homem encontra-se a ser julgado no processo levado a cabo pela justiça espanhola contra três homens que alegadamente terão ajudado a célula jihadista responsável pelo duplo ataque em Barcelona e noutra cidade da Catalunha. A advogada de acusação do processo, Ana Noé, mostrou o vídeo em que se vê os homens a manipular explosivos e a justificar a razão pela qual iriam levar a cabo o ataque que vitimou 16 pessoas, uma das quais uma turista portuguesa.

Mohamed Hichamy, Younes Abouyaqooub e Youssef Aalla, entretanto falecidos, também aparecerem no vídeo. Intercalando entre o árabe e o espanhol, vão proferindo afirmações como “isto, irmãos, é muito fácil de fazer, o único que faz falta é fé em Alá e ter um ódio exagerado… Isto não supera os 15 euros… Entre 15 e 20 euros”, comentou Abouyaqooub. Já Hichamy prometeu vingança, especialmente à polícia catalã: “Venham, venham. Vão arrepender-se de ter nascido. Sobretudo vocês, Mossos D’Esquadra”. Por seu turno, Aalla justifica os motivos: “Isto é para que saibam que o muçulmano tem dignidade e força com o poder de Deus. Isto é para vocês”.

Os materiais manipulados pelos quatros homens nunca foram, no entanto, utilizados. A ideia inicial do grupo, conforme diz o El Confidencial, passava por empregar explosivos num carro-bomba. Mas houve uma mudança de planos e o grupo optou por um atropelamento em massa, que vitimou 15 pessoas, uma das quais a tentar fugir.

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Mohammed Houli afirmou noutro vídeo, segundo o La Vanguardia, que não está de acordo com as acusações proferidas nos vídeo. Diz ainda que foi coagido para o fazer e suspeita que estivesse sob influência de alguma influência, que os outros terão colocado, alegadamente, na sua comida: “Quando acabei de almoçar, estava muito relaxado”, justifica. “Eu não estou a favor do que faz esta gente”, ressalta.

A advogada de acusação pede 41 anos de prisão para Houli, acusando-o de ter “formado parte de uma célula criminal local seguidora dos postulados da organização terrorista Estado Islâmico”.