Benfica e Sp. Braga conheceram esta segunda-feira os adversários dos 16 avos de final da Liga Europa. Os encarnados vão cruzar com o Arsenal, os minhotos vão encontrar a Roma de Paulo Fonseca. Se os gunners estão a realizar um dos piores arranques de temporada das últimas décadas, os italianos estão no sexto lugar da Serie A, a apenas seis pontos da liderança do AC Milan. Mas vamos então por partes.

Benfica defronta Arsenal, Sp. Braga joga com a Roma: o sorteio dos 16 avos da Liga Europa

O Arsenal: os dois golos de Isaías há 30 anos e uma equipa a fazer o pior arranque de Campeonato desde os anos 70

É preciso recuar até novembro de 1991 para encontrar o último jogo oficial entre Benfica e Arsenal. Na altura, na segunda eliminatória da Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões), as duas equipas empataram na primeira mão, na Luz, com golos de Isaías e Kevin Campbell (1-1). Na segunda mão, no velhinho Highbury, os encarnados orientados por Eriksson venceram já no prolongamento, com um bis do herói Isaías e a ajuda de Kulkov (1-3). O Benfica — onde se incluía Rui Costa, atual vice-presidente encarnado — seguiu em frente e ficou no Grupo B, em conjunto com o Barcelona, o Sparta Praga e o Dínamo Kiev, terminando no terceiro lugar. Os catalães foram à final e venceram a Sampdoria com um golo solitário de Ronald Koeman, atual treinador do Barcelona.

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Depois disso, contam-se três particulares, em 2011, 2014 e 2017, com uma vitória para os portugueses e duas para os ingleses. O Benfica reencontra o Arsenal oficialmente quase 30 anos depois: mas este Arsenal não poderia ser mais diferente do de 1991. Na altura, com George Graham ao leme da equipa, os gunners tinham sido campeões ingleses no ano anterior e estavam a atravessar uma das melhores fases das últimas décadas. O plantel, liderado pelo guarda-redes David Seaman mas com nomes como o histórico Tony Adams, Alan Smith e Paul Merson, era um dos melhores de Inglaterra e um dos mais poderosos da Europa. Três décadas depois, o Arsenal atravessa uma crise que só encontra paralelo nos anos 70, autêntico deserto de conquistas para o clube de Londres.

O Arsenal de Mikel Arteta está atualmente no 15.º lugar da Premier League, a 12 pontos do Tottenham e do Liverpool e apenas cinco acima da linha de água. Com individualidades muito fortes, como Aubameyang, Willian, Lacazette e Bukayo Saka, o clube inglês é uma equipa tendencionalmente desequilibrada, com poder criativo no ataque mas muitas fragilidades defensivas. Nesse capítulo, a chegada de Gabriel Magalhães, vindo do Lille, veio oferecer alguma estabilidade ao eixo defensivo mas não anula os recorrentes erros de David Luiz, que vai reencontrar-se com o Benfica.

A chegada de Arteta ao comando técnico do clube, na época passada e depois da saída de Unai Emery, trouxe uma lufada de ar fresco — aliada às conquistas da Taça de Inglaterra e da Community Shield, entre o fim da temporada anterior e o início da atual. Neste arranque de Premier League, porém, soma já sete derrotas contra quatro vitórias e um empate e só tem tido alegrias na Liga Europa, onde o grupo acessível ajudou e muito. Emparelhado com Molde, Dundalk e Rapid Viena, os gunners terminaram a fase de grupos com seis vitórias em seis jogos e 20 golos marcados contra apenas cinco sofridos.

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Aubameyang, o avançado gabonês que é capitão de equipa, é a grande figura do Arsenal de Arteta

Assim, e embora este Arsenal imponha algum respeito pelo nome e pela importância que tem no panorama do futebol europeu, a verdade é que a equipa de Mikel Arteta é um adversário perfeitamente acessível para o Benfica de Jorge Jesus. O que não significa que não tenha a capacidade para ferir os encarnados nos capítulos onde a equipa portuguesa tem sido mais frágil, como a transição defensiva, o equilíbrio entre setores e a consistência do meio-campo. Numa dupla jornada que será o desafio mais exigente do Benfica desde o início da época, os encarnados terão de demonstrar um nível superior ao atual para tornar prática a teoria de que tem qualidade suficiente para eliminar o Arsenal e seguir para os oitavos de final.

A Roma: um treinador português e um clube em profunda reformulação

O jogo anterior não poderia intimidar mais: este domingo, a Roma foi ao terreno do Bolonha golear por 1-5, com cinco marcadores diferentes e sem dar qualquer hipótese adversário. A equipa de Paulo Fonseca está atualmente no sexto lugar da Serie A, fora das posições de acesso às competições europeias, mas apenas seis pontos separam os giallorossi do líder AC Milan, sendo que a Juventus de Cristiano Ronaldo só tem mais dois pontos do que a Roma. Em 11 jornadas já disputadas, a equipa do treinador português leva seis vitórias, três empates e duas derrotas — contra o Hellas Verona e o Nápoles — e tem apresentado um sistema tático que é a identidade do técnico, com três defesas e um meio-campo reforçado.

O líder natural e absoluto é Dzeko, o experiente avançado bósnio de 34 anos que é também capitão de equipa. Ao longo do plantel, destacam-se os nomes de Veretout, Spinazzola e Pellegrini, para além do arménio Mkhitaryan, que deixou o futebol inglês para encontrar uma nova vida em Itália. Entre os habitualmente titulares estão ainda Bryan Cristante, jogador que já representou o Benfica, Chris Smalling, ex-central do Manchester United, e Carles Pérez e Borja Mayoral, antigas pérolas da formação do Barcelona e do Real Madrid, respetivamente. Ainda lesionado está Zaniolo, enorme promessa do futebol italiano que sofreu uma rotura de ligamentos no início da época.

Paulo Fonseca está no clube da capital italiana desde o início da temporada passada, depois do bom trabalho ao serviço do Shakhtar Donetsk, e tem sido a cara de um novo projeto do emblema. Um novo projeto que prevê o regresso da Roma à luta pela conquista da Serie A, que prevê o regresso da Roma às fases finais das competições europeias e que está em tudo relacionada com a venda do clube, há cerca de um ano, a um grupo norte-americano liderado pelo empresário Dan Friedkin. Na primeira temporada com o treinador português, a Roma ficou no quinto lugar da liga italiana, a oito pontos do primeiro lugar de acesso à Liga dos Campeões, e caiu nos oitavos de final da Liga Europa às mãos do Sevilha (que acabaria por conquistar o troféu).

AS Roma v Parma Calcio 1913 - Serie A

O treinador português está na capital italiana deste o início da época passada

Na fase de grupos, a Roma terminou no primeiro lugar do Grupo A, acima do Young Boys, do Cluj e do CSKA Sofia, com quatro vitórias, um empate e uma derrota em seis jogos. Contra um Sp. Braga cujo grande deslize da temporada foi em novembro, na goleada sofrida em casa com o Leicester, os italianos terão como grande vantagem o próprio treinador, Paulo Fonseca, que conhece profundamente o futebol português e as dinâmicas que Carlos Carvalhal pode apresentar. Os minhotos, que anteriormente já foram finalistas da segunda competição europeia, querem aliar uma boa campanha na Liga Europa a um Campeonato competitivo, sendo que nesta altura estão no quarto lugar da classificação e a cinco pontos do líder Sporting.