A mulher baleada fatalmente no Capitólio em Washington DC, nos EUA, era veterana da Força Aérea e uma apoiante fervorosa de Donald Trump que, horas antes dos incidentes, escreveu no Twitter que “nada” seria capaz de impedir a “invasão” que iria haver em Washington DC. Foi a primeira vítima mortal confirmada nestes incidentes – mais tarde foram declaradas outras três vítimas que morreram em circunstâncias associadas oficialmente, para já, a “emergências médicas“.

Segundo confirmaram familiares à imprensa norte-americana, incluindo o viúvo, a mulher chamava-se Ashli Babbitt, tinha 35 anos e era natural de San Diego, no sul da Califórnia. Voou para Washington sem a companhia do marido, com quem tinha uma empresa em San Diego. O marido fez declarações a uma televisão regional de San Diego, a KUSI, confirmando a morte da mulher e apresentando-a como “uma veterana de 14 anos, que serviu em quatro missões com a Força Aérea dos EUA“.

Outro familiar que falou com a imprensa foi a sua sogra: “sinceramente não compreendo porque é que ela decidiu fazer isto”. Uma consulta rápida à conta de Twitter da mulher, porém, mostra que a própria se definia como “veterana” e “libertária”. “Amo o meu gajo, o meu cão e, acima de tudo, o meu país – LIBERDADE!“.

Poucas horas antes dos incidentes, respondeu a um tweet de outra apoiante de Donald Trump que se queixava de, alegadamente, estarem a ser “cancelados muitos voos para Washington DC, apesar de não estar mau tempo”. Ou seja, insinuando que as companhias aéreas estariam a colaborar na limitação do protesto que fora incitado pelo Presidente Trump. Ashli Babbitt garantia que nem as companhias aéreas nem “nada” iria parar os manifestantes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Nada nos vai parar… Eles podem tentar, tentar e tentar mas a tempestade [storm] está aqui e está a abater-se sobre DC nas próximas 24 horas… Vamos da escuridão para a luz!”, escreveu a mulher.

Em inglês, “storm” significa tempestade mas também pode significar um verbo que significa invadir um dado local.

Além de inúmeras mensagens de apoio a Trump, o Twitter de Ashli Babbitt está, também, repleto de mensagens (ou replicações de mensagens) de combate contra as medidas restritivas lançadas pelas autoridades para conter a pandemia de Covid-19, como o confinamento e o uso de máscaras faciais.

Ainda não há muitos detalhes sobre as circunstâncias da morte de Ashli, não havendo qualquer evidência, pelo menos para já, de que estivesse armada ou apresentasse um perigo iminente. Sabe-se que o tiroteio terá surgido quando o pessoal da segurança do Capitólio puxou das armas perante o avanço dos manifestantes. Segundo a polícia de Washington, a bala fatal foi disparada pela US Capitol Police e Ashli morreu pouco depois de ter sido baleada.

Os vídeos que foram colocados online com o incidente, de imediato, mostram que Ashli terá tentado trepar por uma janela partida numa das portas na zona do Speaker’s Lobby, um corredor que vai dar à Câmara dos Representantes. São portas em que a parte inferior é de madeira e a parte superior é de vidro – esse vidro foi partido e os vídeos parecem mostrar uma pessoa a trepar pela parte superior, momento em que é alvejada e cai para trás.