Ainda não há qualquer cronograma oficial de implementação, mas bastaram apenas alguns dias após a cerimónia da investidura para que o novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, viesse a público converter um dos temas da sua campanha presidencial numa promessa concreta: toda a frota do Governo norte-americano vai ser substituída por veículos eléctricos.

aqui escrevemos como a vitória do democrata poderia dar um tremendo empurrão à mobilidade eléctrica. Só que, na altura, as palavras de Joe Biden valiam como argumentos de um candidato, ao passo que agora têm o peso do poder executivo.

Vitória de Biden é derrota para carros a combustão

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Biden planeia, de uma assentada, não só contribuir em larga escala para a melhoria da qualidade do ar que se respira, como também fortalecer a indústria automóvel e apoiá-la na transição, com isso procurando proteger os trabalhadores do país. E daí a frase curta, mas elucidativa: “O Governo federal também possui uma enorme frota de veículos, que vamos substituir por veículos eléctricos limpos, feitos aqui na América, por trabalhadores americanos.”

O último relatório relativo à frota federal é referente a 2019 e dá conta da existência de um total de 645 mil viaturas, incluindo 245 mil veículos civis, 173 mil veículos militares e 225 mil dos correios. Estes últimos são os que se perfilam para serem os primeiros a serem substituídos pois os furgões dos correios têm uma idade média de 28 anos. A renovação do parque já estaria inclusivamente a ser negociada, pois há veículos que, fruto da longa idade, não têm airbgs, ABS e muito menos ar condicionado. Em contrapartida, montam mecânicas que estão longe de obedecer às actuais exigências em termos de emissões.

As carrinhas dos correios acusam a idade e, segundo a imprensa norte-americana, podem ser as primeiras a ser substituídas

A comunicação de Biden diz que se trata da maior mobilização de investimento público, infraestrutura de compras e R&D desde a II Guerra Mundial, mas não especifica os moldes em que os veículos serão trocados. Mas é quase certo que isso passará por restringir as alternativas quando os diferentes departamentos solicitarem a substituição de viaturas.

Optar por eléctricos made in USA, sobretudo em tão elevado número, representará necessariamente um enorme esforço financeiro. Contudo, terá a vantagem imediata de baixar os custos de operação. No caso do serviço dos correios, por exemplo, a transição não deverá afectar a operação, pois habitualmente a actividade é desempenhada sempre nas mesmas rotas, a uma velocidade média baixa e com diversas paragens.

Resta saber se o Cadillac One, a limusina presidencial que é conhecida como “a besta”, também tem os dias contados. No entanto, parece pouco provável que assim aconteça, pois o veículo blindado foi estreado por Trump em Setembro de 2018 e o seu antecessor esteve ao serviço durante nove anos.