O Presidente francês, Emmanuel Macron, comentou na noite de sexta-feira – numa altura em que sobe de tom a polémica entre a Comissão Europeia e a farmacêutica AstraZeneca – que o principal problema desta vacina, mais do que qualquer outra coisa, é que “pensamos que é quase ineficaz em pessoas com mais de 65 anos“. Os comentários valeram-lhe uma chuva de críticas (sobretudo no Reino Unido, onde fica a universidade parceira da AstraZeneca).

Foi em declarações aos jornalistas na sexta-feira, dia em que a Agência Europeia do Medicamento aprovou esta vacina, que Emmanuel Macron mostrou ter informações pouco animadoras sobre a eficácia da vacina desenvolvida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford. Queixando-se de que “existe muito pouca informação” acerca desta vacina, Macron acrescentou que “hoje estamos convencidos de que é quase ineficaz nas pessoas com mais de 65 anos”.

Citado pela AFP, Macron indicou que quem deveria pronunciar-se sobre a utilização correta da vacina eram as autoridades de saúde – europeias e nacionais – porque “eles é que têm os números“, mas não deixou de dizer que podia “dizer oficialmente” é que “os resultados não são muito encorajadores [nas idades mais avançadas]”.

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Os comentários de Emmanuel Macron, sobre a pretensa “quase ineficácia” da vacina da AstraZeneca nas pessoas com idade mais avançada” foram duramente criticados sobretudo no Reino Unido, país onde fica a universidade (Oxford) que colaborou com a farmacêutica nesta pesquisa científica.

Sir John Bell, um dos líderes do departamento de Medicina da Universidade de Oxford e que encabeçou o processo de ensaios clínicos, considerou os comentários do Presidente francês “muito injustos” e garantiu que “não correspondem à verdade”.

“Esta declaração [de Macron] sugere que ele não analisou os dados clínicos e imunológicos, que mostram excelentes resultados nas pessoas com mais de 65 anos”, afirmou Sir John Bell, acrescentando que “há evidências sólidas de que a vacina promove respostas imunitárias nesta faixa etária e podem ter a certeza de que vão ficar imunizados”.

Então como explicar as declarações de Macron? “Talvez seja um esforço de gestão de procura” pela vacina, sugere Sir John Bell, falando com a rádio britânica BBC Radio 4.

Também no Reino Unido, Greg Clark, presidente da comissão de saúde da Câmara dos Comuns, argumentou que “parece que o Presidente Macron cometeu um erro. Não faz sentido”.

Já Iain Duncan Smith, figura de relevo do Partido Conservador, comparou Macron a Donald Trump, por fazer considerações científicas aparentemente infundadas. “Estes comentários prejudicam a saúde pública, contribuindo para dar força aos anti-vacinas com base em argumentos falsos”, disse, ao The Telegraph.