Ao contrário do que tinha dado a entender em resposta ao Observador na passada sexta-feira, o Grupo Lusíadas também decidiu vacinar um dos administradores do Hospital de Cascais, que está a gerir em regime de parceria público-privada. Os administradores hospitalares não estão incluídos na Fase I do plano de vacinação elaborado pelo Governo, pelo que esta vacinação foi feita à margem das regras. Atualmente, as prioridades de vacinação nos hospitais são os profissionais de saúde que prestam apoio direto aos doentes.

Na sequência da notícia avançada pelo Observador na semana passada de que o Grupo Luz Saúde tinha vacinado todos os funcionários e administradores (incluindo a CEO, Isabel Vaz) do Hospital da Luz, em Lisboa, e do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures (também este em regime de PPP), o Grupo Lusíadas foi questionado diretamente sobre se tinha ou não vacinado os seus administradores.

Grupo Luz Saúde vacinou todos os funcionários e administradores dos hospitais da Luz e Beatriz Ângelo

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na altura, a resposta foi: “A Lusíadas Saúde vacinou, até ao momento, 1.200 dos seus profissionais das unidades privadas, o que corresponde ao número de doses recebidas do Ministério da Saúde. Sendo as vacinas do Ministério da Saúde, a Lusíadas está a administrá-las em conformidade com as regras definidas pelas task force. Por essa razão, nenhum membro da Administração do Grupo Lusíadas recebeu a vacina até ao momento”.

Lusíadas Saúde diz que não vacinou nenhum dos administradores dos seus hospitais

A resposta, no entanto, referia especificamente as “unidades privadas” do grupo – Hospitais Lusíadas Lisboa, Porto, Braga e Albufeira, bem como várias clínicas. Era, portanto, omissa em relação à unidade pública gerida pelo grupo, o Hospital de Cascais. Também referia especificamente a “administração do Grupo Lusíadas” e não as administrações das várias unidades hospitalares.

O Observador questionou novamente, esta quinta-feira, o Grupo Lusíadas sobre a vacinação dos seus administradores nos hospitais, especificamente se tinha vacinado algum administrador do Hospital de Cascais. O grupo admitiu ter vacinado, pelo menos, um dos administradores.

“Relativamente à Comissão Executiva do Hospital de Cascais – o único hospital público a ser gerido pelo Grupo Lusíadas – a mesma é constituída por três elementos, um presidente executivo e dois administradores executivos, tendo sido definido que um destes deveria ser vacinado para garantir a resiliência da equipa e a permanente articulação com os demais órgãos do Ministério da Saúde”, indicou ao Observador fonte oficial do grupo.

O grupo Lusíadas informou ainda que o Hospital de Cascais tem atualmente 169 doentes com COVID-19 dos quais 16 doentes estão na sua Unidade de Cuidados Intensivos.

Sobre a administração do próprio Grupo, a mesma fonte reitera algo que já tinha dito na primeira resposta, que “nenhum dos membros do seu Conselho de Administração foi vacinado e que os mesmos seguirão o plano de vacinação estabelecido pelo Ministério da Saúde”.

Além dos dois hospitais geridos pelo Grupo Luz Saúde e do Hospital de Cascais, gerido pelo Grupo Lusíadas, também um administrador do Hospital de Guimarães foi vacinado contra a Covid-19, ao arrepio das regras determinadas pelo Plano de Vacinação.

Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Guimarães foi vacinado no grupo prioritário

A argumentação dada ao Observador pelo Grupo Lusíadas tem pontos de contacto com a que antes tinha sido dada pela CEO do grupo Luz Saúde, Isabel Vaz: a vacinação dos administradores visa garantir que elementos críticos do hospital (além do pessoal das áreas clínicas) se mantém em operação.