Os pedidos de apoio de migrantes à Caritas Diocesana de Beja mais do que duplicaram após o início da pandemia de Covid-19, em 2020, em comparação com o ano anterior, revelou à Lusa o presidente da organização.

De acordo com os números adiantados por Isaurindo Oliveira, “no que respeita à comunidade migrante da diocese”, a Cáritas de Beja registou um “aumento de 122% de atendimentos“, que se traduz em 983 pedidos de ajuda no ano passado, em contraste com 441 pedidos em 2019.

“A comunidade migrante que atendemos recorreu à Cáritas Diocesana de Beja por variadíssimos motivos. No entanto, ao longo deste ano, constatámos que os pedidos de apoio social tiveram uma maior expressividade. Foram registados 227 pedidos, que passam essencialmente por pedidos de apoio alimentar, económico e alojamento”, disse Isaurindo Oliveira.

Segundo os dados fornecidos pelo Centro Local de Apoio à Integração dos Migrantes (CLAIM) da Cáritas de Beja, os homens são os principais responsáveis pelo aumento dos atendimentos, uma vez que os 983 pedidos recebidos em 2020 correspondem a 790 homens e 193 mulheres, em contraponto com 315 homens e 126 mulheres no ano anterior.

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Foi ainda possível registar um aumento na procura do CLAIM, “mais acentuado no período entre abril e novembro”, precisamente os meses após o início da pandemia de Covid-19, em março, acrescentou a coordenadora do serviço, Teresa Martins,

Segundo a responsável, os imigrantes solicitam apoio para “regularização [de situação no país], [pedidos de] nacionalidade, reagrupamento familiar, retorno voluntário [aos países de origem], trabalho, saúde, educação, formação profissional, segurança social e apoio social”.

Mas, salientou, os pedidos “são na sua maioria de ajudas alimentares“. “Podem ser de várias formas, através de cabazes alimentares ou apoio em refeições confecionadas. Esses apoios são dados de acordo com o acompanhamento técnico que é feito à situação e com a recetividade do imigrante, sendo que, devido aos seus hábitos alimentares, dão preferência aos cabazes com alimentos para confecionarem as suas próprias refeições”, explicou Teresa Martins.

O grande aumento de pedidos de apoio por parte de migrantes está relacionado, segundo a coordenadora do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS), Ana Soeiro, com as repentinas alterações nas condições laborais destas populações logo após o início da pandemia.

“Para além das campanhas [agrícolas] terem terminado na altura, as empresas não estavam a contratar para novos trabalhos, uma vez que ninguém sabia o que ia acontecer. Foram três meses – março, abril e maio – complicados para estas pessoas”, disse Ana Soeiro.