Um estudo da Ordem dos Médicos em parceria com várias fundações, um laboratório e uma universidade mostra, com base em dados preliminares, que 460 doentes com Covid-19, num total de 608 avaliados, tinham anticorpos três meses depois de contraírem a doença (76%), mas que apenas 361 pessoas mantiveram a imunidade cerca de meio ano depois (59,3%).

Os autores do estudo têm dados ainda até ao 9º e 10º meses após a infeção, só que, neste caso, já não contam com 103 pessoas na parte final do estudo (entre os testes de setembro e de janeiro), porque “não compareceram na quarta colheita”, no contexto do confinamento, explica Álvaro Carvalho, um dos parceiros da Ordem dos Médicos neste trabalho. Casos que os investigadores ainda tentarão abranger em abril, quando forem aliviadas as restrições.

Retirando os 103 ausentes e outras 33 pessoas que perderam imunidade entre o 6º e o 10º mês, estão em causa 225 pessoas com imunidade — ou seja, uma em cada quatro pessoas da amostra (37%) ainda estavam imunes em janeiro.

É, no entanto, importante essa ressalva relativamente às pessoas que não conseguiram participar no estudo até ao fim, porque, apesar de poder ter havido mais pessoas com imunidade em janeiro, o confinamento não permitiu aos autores do estudo perceber se esse era realmente o caso. Ainda em relação a janeiro, se tivermos em conta apenas os 460 participantes que na primeira colheita tinham imunidade (e não a amostra total), a persistência dos anticorpos foi visível em 49% dos casos depois de nove a dez meses.

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Já no início do estudo, em junho e julho, 76% de todas as pessoas envolvidas tinham anticorpos. Essa primeira análise foi elaborada cerca de três meses depois dos diagnósticos de Covid-19 (feitos sobretudo em março e abril).

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O estudo — feito em parceria com a Fundação Vox Populi, a Fundação Manuel Viegas Guerreiro, a Fundação The Claude and Sofia Marion Foundation, a Fundação Álvaro Carvalho, o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa e a Universidade Nova de Lisboa — procurou “conhecer o real impacto da pandemia em Portugal” e “preparar o país para o futuro, nomeadamente no que diz respeito à vacinação já em curso”.

A amostra foi composta por portugueses de diferentes regiões (36% do Norte, 22% do Centro e 42% do Sul), sobretudo mulheres (76%).

Dois em cada 10 casos são referentes a portadores do vírus assintomáticos e noutros 80% os doentes tiveram sintomas. Apenas em 10% houve necessidade de internamento e 6% dizem respeito a casos graves. A existência de outras comorbilidades nesta amostra “é pouco significativa”, de acordo com os autores do estudo.

Cerca de metade eram profissionais de saúde e outro terço utentes e funcionários de residências seniores.